Quando você entra no mar, esquece tudo: os aperreios, os aborrecimentos, as pendências, porque aquele momento é só você e a natureza. Quem faz kitesurf não precisa de psicólogo, nem de terapia.
Quando você está dentro d’água, é você e o kite, o vento, o mar e mais ninguém. Está preparado para esta aventura ou prefere ficar na areia da praia? Quem pratica diz que a sensação é de planar.
Esse esporte relativamente novo tem conquistado muitos pernambucanos. Na visão de um leigo, o que seria o kitesurf? “É tipo um surfe com vento, muito interessante, muito bonito”, explica a analista paulista Raíssa Hukai. Os esportistas precisam respeitar as condições da praia, porque a natureza muda muito rapidamente e é preciso estar atento para não causar ou sofrer um acidente.
Kitesurf tem conquistado cada vez mais pernambucanos
Os equipamentos são: prancha, trapézio, um kite, barra de comando, leashe. Agora nada disso vai funcionar se faltar o principal: o vento. Antes de levantar voo, é preciso inflar o kite. “Já entro aquecido, já estou pronto. Essa é a parte ruim, mas depois o prazer compensa”, comenta o gerente administrativo Sandro Cunha.
“É um esporte que você pode trazer a sua família. A minha filha mesmo tem 15 e há dois anos que ela faz kite”, reitera o representante de vendas Pierre Antônio Moraes Alves. Se é um esporte de pai para filha, também pode ser de marido para mulher.
Antes Cleytiany Saad achava que só homens podiam praticá-lo. “Eu achava que era um esporte super difícil, só que eu acabei me apaixonando. Achava que não ia aprender porque no início é muito complicado, é muita informação”, conta.
Para aprender, Cleytiany fez um curso na ilha de Itamaracá, pagou R$ 600 por 10 aulas, comprou equipamento que custa em média R$ 3,5 mil e começou a velejar com o marido. “É mais técnica do que força. Depois que você realmente recebe todas as orientações, percebe que o comando do kite é tudo, você regula a força, sabe para onde ele vai lhe puxar ou não, e tem todas as técnicas de segurança também para evitar os acidentes. Isso é muito importante, porque é muito perigoso tentar aprender um esporte sozinho”, enfatiza o empresário Emílio Saad Neto.
Cleytiany Saad descobriu que estava grávida e teve que dar um tempo no kite
Mas Cleytiany não está mais velejando por um motivo especial. “Ela não vai cair [na água] hoje porque está esperando o kiterider mais novo do mundo, que conseguiu velejar com duas semanas de gravidez”, brinca Emílio Saad. “Eu fiz dois finais de semana estando grávida e depois de uma semana descobri e velejei normal, tranquila, mas por orientação médica tive que parar. Com certeza ele [o bebê] vai adorar o esporte”, diz Cleytiany.
Além de ser um esporte para todas as idades, o kite já tem estrada suficiente para possuir muitos estilos: manobras, velejo, kite old school. “Essa manobra old school é a velha guarda do kite. Você salta, tira a prancha do pé, gira, diferente de freestyle, que é mais agressiva”, explica o empresário Fábio Fontes.
Agressividade: é disso que o adolescente Raul Macedo de Albuquerque gosta. “É o freestyle, manobras, saltos, sensação de liberdade”, fala. Já o jovem Rafael Gusmão está em outra vibe. “Eu adoro fazer donwind, pegar o kite e sair de Olinda para Itamaracá e para João Pessoa. Meu estilo é esse, pegar o kite, velejar, alto mar e curtir o velejo. E curtir as belezas, ver o fundo do mar, ver os corais, essa é a curtição do kitesurfe”, conta o representante comercial.
O ‘coroa’ Gilvan Rezende fala sobre a preferência dos mais maduros no esporte. “Eu prefiro as ondas. E no kite é o seguinte: qualquer ondinha vira brincadeira. Os caras mais jovens gostam de voar mais, tem uns joelhinhos melhores para cair. Eu vou mais de leve, vou mais nas ondas”, brinca. Há também outros estilos. Márcio Tartaruga inventa manobras de kite com nomes diferentes. “A gente tenta fazer essa brincadeira, depois eu vou batizar uma manobra aí”, brinca.
Dizem que quem faz kitesurf não precisa de terapia. Será?
Do: G1/PE.