Ontem quinta-feira (5), em Porto de Pedras (AL), mais um peixe-boi marinho foi solto na natureza. A atividade, realizada pelo Centro de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CMA/ICMBio), faz parte das comemorações do Dia Mundial da Vida Selvagem (3 de março). Ao todo, chega a quarenta o número de animais devolvidos ao ambiente natural.
O animal solto é uma fêmea, Natália, de 2,45 m e cerca de 3 anos de idade. Ainda filhote, Natália foi resgatada pela equipe da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), quando encalhou na Praia de Retiro Grande, no Ceará. Ela resgatada estava sob os cuidados do Centro de Reabilitação do CMA/ICMBio, na Ilha de Itamaracá (PE), desde 2012.
A ação marca uma sequência de esforços para reintrodução da espécie na natureza e foi feita na Base avançada do CMA em Porto de Pedras (AL) e pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS/CMA/PE).
Do centro de reabilitação do CMA/ICMBio, Natália foi levada para o recinto de aclimatação no rio Tatuamunha, em Alagoas, onde permaneceu por nove meses, para se adaptar às condições naturais.
"O recinto tem a função de auxiliar a adaptação dos peixes-bois ao ambiente natural, aumentando as chandes de sucesso na reintrodução", explicou o analista ambiental do CMA, Iran Normande.
Durante o tempo no recinto, os animais recebem alimento e água doce diariamente. Cada animal consome cerca de 20 kg de alimento por dia", concluiu Normande.
"Assim que foi solta, Natália conseguiu ultrapassar um banco de areia e começou a interagir com um peixe-boi macho, reintroduzido em 2009", explicou a veterinária do CMA, Fernanda Attademo.
"Clinicamente, ela estava apta para voltar a natureza. No cativeiro de aclimatação, Natália conseguiu beber água e buscar alimento sozinha. Esperamos que este animal seja o simbolo de uma nova e promissora era na conservação dos peixes-bois na natureza", concluiu Attademo.
"A conservação marinha no Brasil comemora os 35 anos de Projeto Peixe-Boi, em 2015. Uma das atividades de maior importância é a devolução ao seu habitat natural de filhotes que encalharam nas praias do nordeste do Brasil. Eles teriam morrido se não houvesse atuação do Projeto", destacou a coordenadora do CMA, Fábia Luna.
Do: ICMBIO.
Homenagem à pioneira
A servidora Maria Eunice de Oliveira da Unidade de Avançada de Administração e Finanças (UAAF) do ICMBio, em Arembepe (BA), foi escolhida para ser a madrinha de Natália e participou da soltura do animal. "Foi superemocionante! Ela está tão linda e saudável", afirmou a servidora.
Nice, como é chamada pelos colegas de trabalho, é uma das fundadoras do Projeto Peixe-boi e, até hoje, mesmo estando em área administrativa, continua acompanhando as ações em defesa destes mamíferos. "Cuidar dos peixes-boi é mais do que um trabalho é um projeto de vida.", declarou Nice.
Comunidade participa do evento
A comunidade de Porto de Pedras é parceira do CMA nos cuidados com os peixes-bois. As escolas da comunidade rural de Porto Grande realizaram atividades de educação ambiental com estudantes do ensino fundamental e seus familiares com o objetivo de conscientizar os moradores sobre a importância de preservar dos peixes-bois. Dezenas de estudantes e moradores da comunidade acompanharam a soltura de Natália.
"Eu já tinha visto um peixe-boi solto no rio, perto de casa. Gostei de aprender sobre este animal. Se eu encontrar um peixe-boi de novo vou avisar o pessoal do projeto", afirmou o estudante José dos Santos, de 11 anos.
Monitoramento e pesquisa
O peixe-boi será monitorado através de microchips e transmissores por satélite para que a equipe do CMA possa acompanhar a adaptação de Natália à natureza, e interferir, caso o animal esteja com algum problema.
O acompanhamento permite gerar dados que auxiliarão os pesquisadores a definir áreas importantes para a conservação da espécie.
Projeto Peixe-boi
O Projeto Peixe-boi foi criado em 1980 e é executado pelo CMA/ICMBio. Em Alagoas, o CMA atua em parceria com a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, através do Projeto Toyota , que conta com o aporte financeiro da Fundação Toyota do Brasil e da Fundação SOS Mata Atlântica.
Atualmente, a Fundação Boticário de proteção à natureza também vem apoiando projeto de avaliação da saúde dos animais após a soltura. O Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) também é outro parceiro que apoia a execução do projeto.