Guga Matos/JC Imagem
Pesquisa indica que inseticidas da classe dos organofosforados e
carbamatos estejam sendo aplicados próximo ao mangue dos dois Estados
vizinhos.
Peixes-bois marinhos que aguardam soltura em cativeiro de manguezal da Paraíba estão contaminados com metal pesado. É o que revela pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que analisou o sangue dos animais, pertencentes à espécie de mamífero aquático mais ameaçada de extinção do Brasil.
O estudo, concluído ano passado, mostrou níveis elevados de alumínio, estanho e chumbo, em comparação com os mantidos em Itamaracá e em Alagoas. Os animais da Paraíba e de Alagoas apresentaram, ainda, inibição de butirilcolinesterase. A enzima, relacionada à síntese da hemoglobina, composto fundamental do sangue, pois responde pelo transporte de oxigênio, é inibida quando ocorrem processos de intoxicação por inseticidas.
“Os resultados indicam que, em Alagoas e na Paraíba, os animais estão expostos a contaminantes existentes em maior quantidade nesses locais que nos tanques de Itamaracá”, sugere o professor Paulo Carvalho, do Departamento de Zoologia da UFPE e orientador do estudo, realizado para uma dissertação de mestrado.
O pesquisador esclarece que inseticidas da classe dos organofosforados e carbamatos inibem a butirilcolineserase e, portanto, possivelmente estejam sendo aplicados próximo ao mangue dos dois Estados vizinhos. “É válido destacar que esses inseticidas têm um potencial tóxico elevado e alguns deles, como o carbofuran, já foram proibidos nos EUA e na Europa”, diz Paulo Carvalho, coordenador do Laboratório de Ecotoxicologia Aquática da UFPE.
Com base nos resultados, pesquisadores enviaram recomendações ao Centro Mamíferos Aquáticos, vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente. A instituição, com sede em Itamaracá, se destina à reabilitação de filhotes órfãos de peixe-boi para soltura na natureza.
No estuário do Rio Maranguape (PB) e no Rio Tatuamunha (AL) o CMA-ICMBio mantém currais no mangue onde os peixes-bois permanecem até se acostumarem com a variação das marés e aprenderem a comer sozinhos antes da soltura definitiva. Ao todo, o trabalho analisou 16 peixes-bois desses dois locais e de Itamaracá.
A espécie, chamada pelos cientistas de Trichechus manatus, é herbívora e vive na costa do Nordeste e Norte do Brasil, onde soma cerca de 500 exemplares.
O mamífero aquático, que come por dia o equivalente a 10% de seu peso em algas e capim-agulha, atinge em média três metros, pesando aproximadamente meia tonelada. Figura nas listas brasileira e internacional de espécies ameaçadas de extinção.
“De forma simultânea, recomenda-se o levantamento por órgãos competentes, nas esferas municipais, estaduais e federais, sobre o uso dos organofosforados e carbamatos nas atividades produtivas das áreas situadas nas proximidades dos Rios Mamanguape (PB), Tatuamunha (AL) e Canal de Santa Cruz (PE)”, diz o documento, de janeiro deste ano.
A bióloga Daiane Garcia Anzolin, autora da dissertação de mestrado, destaca no trabalho que os índices de metais pesados na Paraíba são maiores ainda do que os reportados na literatura científica para peixes-bois da Flórida, nos Estados Unidos, e ainda para outros mamíferos marinhos.
“A região de Mamanguape, apesar de possuir beleza cênica e ocorrência natural dessa espécie, é circundada por uma área impactada com atividades de plantação de cana-de-açúcar, carcinicultura e falta de saneamento público”, descreve o professor.
O trabalho de campo para a dissertação, apresentada no Programa de Pós-graduação em Biologia Animal da UFPE, contou com recursos da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da Petrobras. Os testes de laboratório tiveram apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Toxicologia Aquática, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenado em Pernambuco por Paulo Carvalho.
O pesquisador, também presidente da Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia, lembra que metais pesados e inseticidas estão associados a doenças neurológicas. “Os peixes-bois não apresentam esse problemas pelas nossas observações, mas isso não quer dizer que não possam apresentá-los, uma vez que essas substâncias se acumulam no organismo.”
Ele lembra que estanho e chumbo são metais pesados não-essenciais, ou seja, sem função biológica conhecida. O primeiro é usado em tintas de barcos. O chumbo está associado a atividades industriais e alcança rios e mares como efluentes.
Fonte:Blog ciência e meio ambiente.
Peixes-bois marinhos que aguardam soltura em cativeiro de manguezal da Paraíba estão contaminados com metal pesado. É o que revela pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que analisou o sangue dos animais, pertencentes à espécie de mamífero aquático mais ameaçada de extinção do Brasil.
O estudo, concluído ano passado, mostrou níveis elevados de alumínio, estanho e chumbo, em comparação com os mantidos em Itamaracá e em Alagoas. Os animais da Paraíba e de Alagoas apresentaram, ainda, inibição de butirilcolinesterase. A enzima, relacionada à síntese da hemoglobina, composto fundamental do sangue, pois responde pelo transporte de oxigênio, é inibida quando ocorrem processos de intoxicação por inseticidas.
“Os resultados indicam que, em Alagoas e na Paraíba, os animais estão expostos a contaminantes existentes em maior quantidade nesses locais que nos tanques de Itamaracá”, sugere o professor Paulo Carvalho, do Departamento de Zoologia da UFPE e orientador do estudo, realizado para uma dissertação de mestrado.
O pesquisador esclarece que inseticidas da classe dos organofosforados e carbamatos inibem a butirilcolineserase e, portanto, possivelmente estejam sendo aplicados próximo ao mangue dos dois Estados vizinhos. “É válido destacar que esses inseticidas têm um potencial tóxico elevado e alguns deles, como o carbofuran, já foram proibidos nos EUA e na Europa”, diz Paulo Carvalho, coordenador do Laboratório de Ecotoxicologia Aquática da UFPE.
Com base nos resultados, pesquisadores enviaram recomendações ao Centro Mamíferos Aquáticos, vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente. A instituição, com sede em Itamaracá, se destina à reabilitação de filhotes órfãos de peixe-boi para soltura na natureza.
No estuário do Rio Maranguape (PB) e no Rio Tatuamunha (AL) o CMA-ICMBio mantém currais no mangue onde os peixes-bois permanecem até se acostumarem com a variação das marés e aprenderem a comer sozinhos antes da soltura definitiva. Ao todo, o trabalho analisou 16 peixes-bois desses dois locais e de Itamaracá.
A espécie, chamada pelos cientistas de Trichechus manatus, é herbívora e vive na costa do Nordeste e Norte do Brasil, onde soma cerca de 500 exemplares.
O mamífero aquático, que come por dia o equivalente a 10% de seu peso em algas e capim-agulha, atinge em média três metros, pesando aproximadamente meia tonelada. Figura nas listas brasileira e internacional de espécies ameaçadas de extinção.
“De forma simultânea, recomenda-se o levantamento por órgãos competentes, nas esferas municipais, estaduais e federais, sobre o uso dos organofosforados e carbamatos nas atividades produtivas das áreas situadas nas proximidades dos Rios Mamanguape (PB), Tatuamunha (AL) e Canal de Santa Cruz (PE)”, diz o documento, de janeiro deste ano.
A bióloga Daiane Garcia Anzolin, autora da dissertação de mestrado, destaca no trabalho que os índices de metais pesados na Paraíba são maiores ainda do que os reportados na literatura científica para peixes-bois da Flórida, nos Estados Unidos, e ainda para outros mamíferos marinhos.
“A região de Mamanguape, apesar de possuir beleza cênica e ocorrência natural dessa espécie, é circundada por uma área impactada com atividades de plantação de cana-de-açúcar, carcinicultura e falta de saneamento público”, descreve o professor.
O trabalho de campo para a dissertação, apresentada no Programa de Pós-graduação em Biologia Animal da UFPE, contou com recursos da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da Petrobras. Os testes de laboratório tiveram apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Toxicologia Aquática, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenado em Pernambuco por Paulo Carvalho.
O pesquisador, também presidente da Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia, lembra que metais pesados e inseticidas estão associados a doenças neurológicas. “Os peixes-bois não apresentam esse problemas pelas nossas observações, mas isso não quer dizer que não possam apresentá-los, uma vez que essas substâncias se acumulam no organismo.”
Ele lembra que estanho e chumbo são metais pesados não-essenciais, ou seja, sem função biológica conhecida. O primeiro é usado em tintas de barcos. O chumbo está associado a atividades industriais e alcança rios e mares como efluentes.
Fonte:Blog ciência e meio ambiente.