Por conta própria, motoristas que trafegam pela BR-101 Sul estão cobrindo os buracos da rodovia. O gesto pôde ser visto na manhã desta quinta-feira na altura da empresa Rapidão Cometa, no sentido Jaboatão dos Guararapes-Recife. Os condutores estão pagando do bolso a populares que despejam areia nas crateras. Em uma delas, as pessoas alegam caber um carro de pequeno porte.
Com a pista da BR-101 em péssimas condições, motoristas de caminhões de carga estão usando como rotas alternativas a Avenida Mascarenhas de Morais e a Estrada da Batalha, no sentido Litoral Sul. O trecho chega a aumentar em até 20 quilômetros o percurso para os que preferem se livrar da buraqueira. O problema é que o trânsito, já complicado nessas áreas, fica ainda pior.
O Diario observou 105 caminhões fazendo o retorno ao lado da UPA da Imbiribeira, em um intervalo de 10 minutos. Mesmo com o desvio, os veículos não estão livres de quebrar. O motorista Ronaldo Antônio da Silva, 24 anos, disse que o pior trecho é entre Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, Ibura, no Recife e o bairro dos Torrões, na Zona Oeste da capital.
Trafegando pela rodovia ainda em Prazeres, após a fábrica da Vitarella, os motoristas de caminhão seguem em direção à Marechal Mascarenhas de Morais. Dalí, fazem o retorno para entrar pela Avenida Recife até voltar para a BR-101, na altura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
De acordo com o caminhoneiro Ronaldo Antônio, na área próxima ao Fórum de Jaboatão, no Jardim Jordão, é quase impossível encontrar uma parte do asfalto sem fissuras, buracos ou ondulações. As condições do pavimento afetam os amortecedores, estouram os pneus e quebram as molas. “Um caminhão com as devidas manutenções dura, em média, 15 anos de uso. Com a estrada desse jeito, o veículo não aguenta dez anos”, comentou Ronaldo.
Nos trechos críticos, os veículos são obrigados a circular em velocidade média de 30 km/h. “A gente corre dos buracos na BR, mas acaba atrasando a viagem, porque o trânsito das grandes avenidas está sempre engarrafado.”
Principal via de contorno do Recife, a BR-101 é atualmente a imagem do abandono. O volume médio diário de tráfego na rodovia é de 36 mil a 58 mil veículos por dia, sendo 20% de caminhões de carga. A via, que corta o trecho urbano, recebe 13 linhas de ônibus, responsáveis pelo transporte de mais de 120 mil passageiros diariamente. De acordo com a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), diariamente, circulam pelas avenidas Recife e Mascarenhas de Morais cerca de 96,5 mil veículos, somente em direção ao Centro.
Obra retomada
As obras de recapeamento da BR-101 foram interrompidas por causa das chuvas e retomadas em setembro. Segundo a Secretaria das Cidades, o governo vem realizando manutenção desde junho, enquanto o projeto de requalificação da BR-101 é revisado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Do: PE Conectado.
