Segundo a história oficial, a primeira Loja maçônica do Brasil foi fundada em 15.11.1815, no estado do Rio de Janeiro: a Loja “Comércio e Artes nº 001".
Todavia, outros registros históricos dão conta de que a maçonaria já havia se instalado no Brasil ao final do século XVIII, mais precisamente na cidade de Itambé, no interior de Pernambuco, a 90 Km de Recife, quando ali foi criado o Areópago de Itambé.
Veja o que deu no Boletim Institucional da Academia Piauiense de Mestres Maçons, edição de 25.05.12:
LOJAS “SELVAGENS”
Denominavam-se de Lojas “Selvagens” as agremiações maçônicas existentes no Brasil, no período precedido pela organização da Maçonaria, no país, com estrutura de Potência ou Obediência jurisdicional, conforme hoje se conhece (Grande Oriente e Grandes Lojas).
Por conta das perseguições impostas pela Inquisição e pelas autoridades imperiais, essas Lojas eram camufladas com os títulos de clubes, grêmios, associações, etc.
A primeira delas foi o Areópago de Itambé, criado em 1796, na pequena localidade Itambé (PE), na divisa com a Paraíba, por Manoel Arruda Câmara, ex-frade carmelita, botânico e médico, com doutorado na cidade francesa de Montpellier, ali iniciado na Ordem e de onde importou os ideais iluministas.
Ao retornar ao Brasil, juntou-se a outros intelectuais de Pernambuco, como os Irmãos Cavalcanti de Albuquerque, políticos e integrantes do clero progressista, com a finalidade de difundir o ideário de liberdade que tomava conta da Europa.
Não obstante a discrição com que desenvolviam as suas ações doutrinárias, mas em função do constante fluxo de pessoas importantes que passaram a transitar pela região, logo surgiram desconfianças da existência de uma conspiração em curso, culminando com denúncias ao Poder Imperial, o qual, em 1802, para ali enviou tropas da Guarda Nacional.
O Areópago foi fechado e vários maçons foram presos pela Guarda Nacional.
Aqueles que conseguiram fugir vieram a dar continuidade ao trabalho cívico em Cabo de Santo Agostinho, Recife, Igarassu e em outras localidades.
A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817
Esses movimentos de ideologia maçônica foram os precursores da heróica Revolução Pernambucana de 1817, que tinha como objetivos finalísticos a Independência do Brasil e a Proclamação da República. Infelizmente, tropas portuguesas enviadas da Bahia pelo Sertão de Pernambuco, auxiliadas por uma potente força naval despachada pelo Rio de Janeiro, que bloqueou o porto de Recife, impuseram a rendição do governo provisório que ali se instalara, frustrando, assim, a realização dos sonhos de libertação nacional.
No entanto, a semente permaneceu hibernando em solo pátrio, no aguardo do momento propício para germinar.
Manuel de Arruda Câmara, lamentavelmente, não viu o Brasil independente. Morreu em 1810.
O Grande Oriente Independente de Pernambuco (COMAB) fundou, em 1980, a Loja “Areópago de Itambé nº 17” naquela cidade pernambucana, em homenagem ao histórico embrião da maçonaria brasileira.
Do: 180 Graus.