Ônibus bem organizados, confortáveis, espaçosos, limpos e seguros. Corredores viários livres, viagens rápidas e no tempo previsto. Poucas cidades no planeta podem se orgulhar de um sistema de transporte público que ofereça essas vantagens.
Em Pernambuco, há uma expectativa de que este cenário se torne uma realidade, graças a licitação que está em curso para contratação das empresas que vão operar no Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife. Diferente da permissão precária concedida, até então, aos empresários do setor, o novo contrato promete significativas mudanças no serviço.
O Governo do Estado pretende mudar esta realidade a partir da implantação de corredores de Bus Rapid Transit (BRT), ou Trânsito Rápido de Ônibus (TRO), em português. Conforme a licitação para contratação das empresas que irão operar no sistema, os novos coletivos serão bem diferentes dos atuais.
Equipados com sistema de refrigeração, terão capacidade mínima para 140 passageiros sentados, além de poltronas estofadas e encostos altos. No total, 180 BRTs farão o transporte dos usuários nos corredores Norte-Sul e Leste-Oeste.
“Nas licitações fizemos um regulamento um pouco mais aprimorado. No contrato, colocamos, por exemplo, que questões como o não cumprimento de viagens e dos intervalos entre elas; além de insatisfação do usuário e do índice de quebra dos veículos, vão gerar perdas financeiras para os empresas prestadoras do serviço”, explicou o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte, Nelson Menezes.
No último mês, foram abertos os lotes 1 e 2 da licitação dos corredores. Curiosamente, as empresas classificadas com o critério de menor preço já operam na RMR, levantando dúvidas se as exigências do edital serão cumpridas. “Vamos fiscalizar para garantir isso. Até porque, existe um contrato e há penalidades”, afirmou Nelson.
O lote 1, referente ao corredor Norte-Sul, de Igarassu ao Centro do Recife, deve ficar com o consórcio Conorte, formado pelas empresas de ônibus Itamaracá, Cidade Alta e Rodotur. Já no lote 2, correspondente ao corredor Leste-Oeste, entre Camaragibe e Recife, a menor proposta de preço foi da empresa Rodoviária Metropolitana.
Na próxima terça-feira, ocorrerá a classificação provisória e a abertura da habilitação. Em uma segunda etapa, no final deste mês, serão licitados outros cinco lotes, que abrangem as seguintes áreas: corredor da José Rufino e Abdias de Carvalho; Mascarenhas de Moraes; Rosa e Silva, Rui Barbosa e Avenida Norte; Beberibe e Presidente Kennedy; Domingos Ferreira e BR-101, no trecho Cabo/Ipojuca.
Questionado sobre as reclamações dos usuários sobre a qualidade dos ônibus que hoje estão na rua, Menezes foi taxativo. “Usamos o mesmo modelo nacional e temos uma das frotas mais novas. Agora, nosso espaço viário é muito complicado, com vias esburacadas”, disse.
A previsão é que até o final deste ano a população da RMR comece a sentir os benefícios de um serviço de ônibus mais confortável. Pelo menos, se for cumprido o prazo para entrega do corredor exclusivo de BRT Norte-Sul, que vai de Igarassu até o Complexo de Salgadinho, onde se divide em dois ramais: um que passará pela avenida Cruz Cabugá e seguirá até o Centro do Recife; e outro que percorrerá a avenida Agamenon Magalhães, seguindo até a Estação Joana Bezerra. Ele terá 33,2 quilômetros de extensão e contará com 43 estações.
Até março, também será concluído o corredor Leste-Oeste, que sairá de Camaragibe, passará pela Caxangá, Derby e Conde da Boa Vista, indo até o Centro. Ele terá 22 estações, distribuídas em 12,5 quilômetros.
Folha resume
No fim do túnel do caos diário de quem pega ônibus lotados e desconfortáveis, uma luz: a promessa de um novo modelo, com a criação de corredores exclusivos e renovação e sofisticação dos veículos, permitindo aos passageiros da RMR mais rapidez, conforto e segurança.
Saiba mais
FINANCIAMENTO - O especialista em mobilidade, Germano Travassos, diz que um sistema de transportes coletivo confortável, limpo, rápido e seguro, como o praticado nos países europeus, exige não apenas a implantação de um sistema eficiente , mas financiamento do Estado, para que as tarifas não sejam repassadas ao público.
Da: Folha PE.
