segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pirâmide: Do sonho do lucro ao pesadelo de perder tudo.

  Denúncias do Ministério Público apontam crime contra economia popular.


  O sonho do dinheiro fácil tem levado milhares de brasileiros a trocarem o sólido mercado financeiro pelo investimento em setores alternativos. Nos últimos dias, entretanto, o devaneio vem se tornando um pesadelo: 33 empresas estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal, sob a suspeita de estarem praticando as chamadas pirâmides financeiras, consideradas crime contra a economia popular. No topo da pirâmide de investigação estão as famosas Telexfree, BBom e Priples.
  O assunto vem sendo tratado desde janeiro, ainda quando a legitimidade da Telexfree foi questionada pelo Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor de Pernambuco (Procon-PE), o que originou as investigações em todo o País. 
  Mesmo assim, a “moda” é tamanha que, se você ainda não aposta no segmento, com certeza, conhece alguém que o faz. É um vírus que põe em risco a saúde do bolso de quem integra esse tipo de negócio, defendido como não sustentável pelos economistas. Se a estrutura desmoronar, todos serão derrubados.
  Quem faz parte do negócio, no entanto, ainda não enxerga os riscos. A confiança é tão grande no modus operandi das empresas que um dos divulgadores da Telexfree foi enfático na resposta quando questionado sobre não estar recebendo o pagamento da divulgação, devido ao bloqueio dos bens da empresa, deferido pelo Ministério Público do Estado do Acre, em junho. Já o MP de Goiás fez o mesmo em relação ao BBom.
  “Estou levando calote da Justiça, e não da empresa, porque ela nunca nos fez nada. A Telexfree é mais conhecida do que Coca-Cola no Brasil e essa briga no Acre já é pessoal”, argumentou André Ricardo Tavares, que há oito meses vem investindo na companhia.
  É fato que a estrutura é bem tentadora. Afinal, quem não almeja investir R$ 2 mil em um negócio e em apenas dois meses ter um retorno de R$ 4,8 mil? O lucro nem passa perto dos rendimentos da poupança. Em um cálculo rápido, para se chegar ao mesmo ganho é preciso esperar 40 anos - levando em consideração uma taxa de juros de 6% ao ano.
  “Nem passou pela minha cabeça investir em poupança, principalmente, porque até agora nunca vi ninguém se prejudicando”, afirmou um integrante da rede Priples, que preferiu manter sua identidade preservada, já que “qualquer declaração dos investidores que não seja vista com bons olhos pela empresa, faz com que o contrato seja cancelado automaticamente”.
Da: Folha PE.