domingo, 11 de novembro de 2012

Engenho Monjope à espera de restauração.


Faltam recursos para transformar o lugar num Centro de 

Referência Cultural e Turística, como pretende a Fundação 

do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco 

(Fundarpe).


 / Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem.

 O Engenho Monjope, em Igarassu, Grande Recife, está cercado pelo mato e à espera de obras de restauração na casa-grande, capela, senzala, fábrica e casa do capitão do mato. Projetos e orçamento existem. Mas faltam recursos para transformar o lugar num Centro de Referência Cultural e Turística, como pretende a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

 Avaliada em R$ 6 milhões, a proposta prevê não só a recuperação física, mas a ocupação de cada uma das edificações, com sustentabilidade. A senzala, por exemplo, reabriria como uma pousada com capacidade para 55 hóspedes. No térreo da casa-grande funcionaria uma doceria com comidas da região – rapadura, alfenim, tapioca, manuê, cuscuz, café com leite e outras guloseimas.

 O primeiro pavimento do casarão abrigaria um restaurante, um cibercafé e um mini-centro de convenções. Para a antiga fábrica (moita), ande se fazia o beneficiamento da cana, a Fundarpe indica um receptivo com cozinha industrial, salão de festas, sanitários, salão de uso múltiplo com camarins, além de escola para formação de maître, camareiras e garçons.

 Uma pessoa que resolvesse se casar em Monjope, por exemplo, encontraria no engenho toda a infraestrutura necessária para a festa, diz a arquiteta Fátima Tigre, coordenadora de Patrimônio Histórico da Fundarpe. A Capela de São Pedro, depois de recuperada, seria devolvida à comunidade, para atividades religiosas.

Do: NE 10.

Aos 59 anos, homem do interior vê no Enem a oportunidade de ingressar na universidade.


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Ana Maria, esposa de Cícero, é professora e ficou orgulho com a decisão do marido
Foto: Luiza Freitas/NE10


 Além de ser requisito para ingressar em várias universidades federais do Brasil, desde 2009 o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tornou-se uma forma de conseguir o certificado de conclusão do ensino médio. Como muitas pessoas que nunca puderam estudar, Cícero Marques da Silva viu na realização do exame uma oportunidade de ter um futuro melhor, mesmo aos 59 anos.

 A responsável pela decisão de Cícero foi a filha Anielly Melo, de 22 anos, que tenta medicina pela terceira vez na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Depois de ser inscrito pela filha, ele decidiu que não só conseguiria alcançar os 450 pontos necessários para conquistar o certificado, como também iria concorrer a uma vaga na UFPE.

 "Desde pequena sempre achei meu pai uma pessoa muito inteligente. Depois que cresci, comecei a pensar como ele podia saber tanta coisa sem ter estudado" lembra Anielly, que vê na universidade a oportunidade de o pai potencializar sua capacidade de aprender.
Eu sei que a educação muda muita coisa na vida de uma pessoa
 Natural de Arcoverde, cidade do Sertão pernambucano, Cícero começou a trabalhar ajudando os pais na roça. Aos 12 anos, veio com a família para o Recife e começou a trabalhar como engraxate. Daí em diante teve vários empregos e constituiu a própria família, não podendo terminar o ensino básico ou mesmo chegar ao nível superior.

 Atualmente casado com a professora aposentada Ana Maria Melo, 53, e morando em Itapissuma, Região Metropolitana do Recife, Cícero sempre incentivou todos os cinco filhos a estudar. "Eu sei que a educação muda muita coisa na vida de uma pessoa", ensina Cícero, com o conselho que pretende repassar aos 11 netos.
 Confiante de que vai conseguir uma vaga em administração ou odontologia, Cícero aceitou dar entrevista para o NE10 mas preferiu não tirar fotos. "Apostei com os meus vizinhos que ia passar e, quando sair o resultado, vou poder aparecer em vários jornais", justifica.

 Avaliando seu desempenho nos dois dias de prova, o consultor do Serasa acha que se saiu bem. No primeiro dia, foi um dos últimos a deixar a sala do exame, "quis aproveitar tudo até o fim", disse. No domingo, também gostou das provas, mas foi pego de surpresa com o tema da redação, que abordou a imigração para o Brasil no Século XXI.

"Me preparei lendo os jornais, gosto muito de ler, ver notícias na televisão", explica Cícero. Ele também contou com a ajuda da filha Anielly, que já está se formando em biologia na UFPE e é professora em uma escola municipal, em Igarassu.

 Seguindo os conselhos de Cícero, ela quer continuar a estudar e por isso tenta pela terceira vez uma vaga em medicina, seu grande sonho. Anielly acredita que o pai é um exemplo a ser seguido. "Espero que ele mostre a outras pessoas da mesma faixa etária que sempre é possível aprender mais."
Do: ne 10.