quinta-feira, 23 de julho de 2015

Uma nova casa para Natália.

Ameaçada por pescadores, o peixe-boi fêmea será levado para as praias de Alagoas.

O peixe-boi fêmea Natália terá um novo lar na próxima semana. Seu destino será as praias de Alagoas. A espécime encontrou seu sítio de fidelização - local onde escolheu para passar mais tempo - no rio Capibaribe, nas imediações da comunidade Ilha de Deus, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife. Mas a poluição torna sua estadia perigosa. Além disso, há também as ameaças da interação com a população. Mesmo inofensiva, Natália foi ameaçada por algumas pessoas. Alheia ao risco, ela chamou atenção dos moradores, principalmente, das crianças. Na última quarta-feira (22), o dia foi de fotos e vídeos. E basta um pedaço de cenoura para atrair a atenção do mamífero e, por tabela, ainda lhe fazer uns afagos.

A coordenadora do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (ICMBio), Fábia Luna, explica que a espécie corre o risco de engolir um saco plástico e ter entupimento do sistema digestivo. “Já estávamos preocupados com a questão da poluição. Agora, há também o risco de as pessoas matarem ela. Estão ameaçando dar tiro e comer. Não faz sentido isso. Ela é um animal que vive uns 60 anos, nós cuidarmos por quatro anos. E, agora, ao soltar na natureza, passar a sofrer essas ameaças”, lamentou. Natália parece gostar daquela região. Talvez, porque, além das ameaças de algumas pessoas, goste do calor humano com que é tratada pelas crianças.

Essa não foi a primeira vez que ela deu o ar da sua graça na Ilha de Deus. No mês passado, junto com Clara, outra peixe-boi liberada pelo CMA, também foi o centro das atenções. “Elas viviam juntas. Se embolavam na lama quando a maré estava mais baixa. Quando a maré estava alta, elas vinham até a beira para o pessoal alimentar com cenoura. Natália chegou ontem e passou o dia aqui”, disse a pescadora Marta Patrícia Alves, 33 anos.

Monitoramento - Clara e Natália foram cuidadas pelo CMA por três anos. Depois disso, foram encaminhadas para um cativeiro em Alagoas, para adaptação na natureza, por cerca de um ano. Depois desse período, já livres, voltaram para Pernambuco. Elas são monitoradas por satélite, por meio de um equipamento de rádio que fica preso às suas caldas. Em águas pernambucanas, foram novamente levadas para Itamaracá. Atualmente, Clara vive em Olinda. Enquanto Natália voltou para a Ilha de Deus.

“Monitoramos todos os animais que soltamos por um ano, diariamente. Depois ma vez por ano capturamos para realizar exames. A gente monitora por satélite e fazemos acompanhamento visual. Estamos diariamente com elas, uma vez que estão em localidade preocupante. Natália e Clara estão com cerca de 300 quilos. Elas perdem um pouco de peso logo que são soltas porque precisam aprender a comer. Como não tiramos da água para pesar, não posso dizer como está”, explicou.

Natália está na idade juvenil, com quatro anos e meio. A escolha do local onde será solta não foi por acaso. É uma área de soltura dos peixes-boi de cativeiro. Para isso, uma van será alugada e forrada com colchão. “Nós vamos hidratando a pele e os olhos com água. Ao chegar, colocamos numa maca e soltamos no rio”, finalizou a coordenadora.

Da: Folha PE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário