No Distrito Federal, família inteiras ainda vivem sem trabalho fixo ou ajuda de bolsas assistenciais, conseguindo dinheiro no lixão ou com bicos.
Janide os filhos e a neta não recebem Bolsa Família e vivem do que catam para vender |
A queda das desigualdades sociais no Brasil ainda não foi suficiente para que todos os moradores do Distrito Federal tenham renda suficiente para bancar os custos de vida e um lugar digno para morar. A pernambucana Janide Josefa da Silva, 44 anos, deixou o município de Itamaracá, 45 quilômetros distante da capital Recife, quando o ex-marido se mudou para Brasília para ser professor em uma escolinha de futebol, em 2003.
Após um período na capital, o marido a abandonou e Janide encontrou abrigo em São Sebastião, mas a falta de dinheiro para custear o aluguel a forçou a procurar outro lugar para viver. Mãe de três filhos, Janide havia deixado as crianças com parentes até que encontrasse uma casa. Desempregada e sem o apoio de familiares, achou abrigo na Estrutural, uma invasão que na época não tinha asfalto, rede elétrica nem abastecimento de água.
Janide, que estudou apenas até a 3ª série do Ensino Fundamental, não conseguiu uma vaga no mercado de trabalho e foi obrigada a se juntar a milhares de pessoas que se sustentam como catadoras no Lixão da Estrutural. Assim que conseguiu economizar R$ 300, comprou passagens de ônibus para os filhos que passaram a ajudá-la na coleta de latas e garrafas plásticas. Após 11 anos no DF, pouca coisa mudou na vida da nordestina.
Ainda desempregada, sem uma casa própria e dependente do lixão para tirar o sustento, ela pensa em voltar para Pernambuco. “Aqui tudo é caro. A vida no Nordeste é simples, mas lá eu tenho uma casa. Nem o Bolsa Família eu consegui receber. Já me cadastrei, mas nunca deu certo”, lamenta. Uma das poucas alegrias que tem é a neta Karina, de 5 anos, filha do primogênito José da Silva Santos, 25. A criança ainda não estuda porque os pais não conseguem vaga nas escolas da região.
Do: Correio Brasiliense.
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