A grande maioria dos passageiros da RMR se sente desconfortável nos coletivos.
O dia para o auxiliar administrativo Igor Medeiros, de 21 anos, mistura as rotinas de trabalho e estudo. E entre os dois locais diferentes em que o jovem passa a maior parte do tempo, um só meio de transporte: o ônibus.
Coletivo que nem sempre oferece o conforto que poderia e torna a jornada do usuário cansativa e desumana. A começar pelo calor. Numa região em que as temperaturas acima dos 30°C são comuns durante praticamente o ano inteiro, os sistemas de refrigeração dos ônibus do Grande Recife contêm os itens mais básicos possíveis. Isso se traduz em sofrimento para Igor e dois milhões de passageiros, que certamente veem nesse incômodo um estímulo a menos para utilizar essa forma de deslocamento.
Ar condicionado mesmo, só em coletivos especiais, aqueles das chamadas linhas opcionais. É um item de luxo, custa mais caro e atende apenas meia dúzia de bairros. A dona de casa Josiele de Lima, de 50 anos, mora em Boa Viagem, na Zona Sul, e prefere utilizar esse serviço nos horários de pico. “Uso muito os ônibus normais, mas quando estou na (avenida) Conde da Boa Vista, à tarde, só espero pelo (ônibus da linha) Aeroporto opcional, porque não vem tão cheio e tem ar condicionado. Dá para cada pessoa ter o mínimo de conforto”, comenta.
Mas, para quem não tem como desembolsar R$ 2,50 ou mais por uma dessas viagens, resta se contentar em abrir as janelas dos coletivos convencionais. É verdade que todos esses ônibus têm alçapões no teto, o que melhora a passagem do ar. Na parte superior, os veículos mais novos também contam com exaustores, que são como ventiladores para o corredor dos passageiros. Vê-los funcionando, entretanto, depende da boa vontade do motorista. Mesmo assim, com todos esses itens em plena atividade, o usuário ainda pode ter que sofrer com temperaturas que ultrapassam os 35°C dentro do ônibus.
Na quarta-feira da semana passada, o jovem Igor Medeiros já estava na sua segunda condução quando foi encontrado pela equipe de reportagem da Folha de Pernambuco. Ele havia saído de casa depois das 8h, quando tomou uma linha com destino ao terminal integrado da Joana Bezerra, na região central da Capital. Ônibus lotado e, como era de se esperar, com circulação de ar precária para o número de pessoas transportadas. A mesma situação foi encontrada na outra parte do percurso, quando o auxiliar administrativo entrou num coletivo rumo ao bairro de Boa Viagem. “Todo dia é essa agonia, mas a gente se acostuma”, disse.
Para amenizar o desconforto, ele e muitas outras pessoas ainda disseram preferir ficar em pé a terem de se acomodar nos assentos que ficam na parte mais atingida pelos raios solares em determinadas viagens. “Já é uma dificuldade desde a fila para entrar e depois dentro do ônibus. Se eu ainda for do lado que o sol ‘bate’ nas cadeiras, não tem como chegar bem ao trabalho. Fico muito suado”, queixou-se Igor.
Da: Folha Pe.
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