sábado, 15 de setembro de 2012

Marta Suplicy promete “cirandar” ao assumir Ministério da Cultura e vira personagem da semana.



  Lia – a célebre cirandeira pernambucana, da Ilha de Itamaracá, que conquistou o País e ganhou o mundo nas asas culturais da música e da dança – não teria feito melhor. Assim, pelos feitos, ditos e subentendidos, a senadora petista Marta Suplicy é, com sobras, o principal personagem político e jornalístico (eleitoral também) desta agitada semana de setembro.

  A ex-prefeita da cidade de São Paulo se evidencia como destaque, mesmo se a comparação for feita com os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, as duas faces mais nítidas e transparentes em confronto no julgamento, em Brasília, dos réus do Mensalão pelos magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF).
Penso e escrevo isso não só por ter sido a esquentada Marta escolhida para substituir a titubeante Ana de Hollanda, no sempre conturbado Ministério da Cultura no governo Dilma Rousseff. Isto é da essência da Pasta no Brasil (estou certo que em alguns outros países também).

  Por estas bandas, debaixo da linha do Equador, isso acontece desde a criação do Minc, perpassando praticamente todos os governos, de todas as tendências. É bom e saudável que assim seja. Ajuda no pensar e fazer cultural no País. Agita e oxigena o ambiente ao mesmo tempo.

  A opção recai sobre Marta Suplicy principalmente pelos signos e os fatos produzidos na sua posse no cargo, quinta-feira, 13, em cerimônia de múltiplas facetas simbólicas e factuais, realizada no Palácio do Planalto. É notório que segue produzindo efeitos em diferentes órbitas e ainda dará muito que falar, nestes dias agitados de campanhas eleitorais e, seguramente (podem conferir) nos meses seguintes da administração Dilma.

  Não só em São Paulo, Rio de Janeiro e no Planalto Central, como previsível em razão dos personagens mais diretamente envolvidos nessa história. O bafafá nos muitos terreiros da Cultura, cujo barulho já se escutava desde o começo da semana – quando foi batido o martelo da substituição de Ana por Marta -, tende a recrudescer e a se espalhar por outros rincões e palanques do Brasil, e prosseguir mesmo depois de eleitos os novos prefeitos.

  A começar pela Bahia (dos ex-ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira), de onde escrevo estas linhas. Terra afeita à polêmica, desde os tempos coloniais do poeta satírico Gregório de Matos (o demolidor Boca de Brasa) e que não costuma dispensar uma boa briga. Ainda mais se entra música, poesia, literatura e teatro no meio. Principalmente se a farinha (leia-se recursos, grana, verba) é pouca para mexer o variado pirão cultural, sem perder o ponto.

  Reforço: faço este artigo de Salvador, onde o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva é aguardado, nesta sexta-feira, como estrela maior – e espécie de salvador da pátria petista, em São Paulo e outras grandes cidades do país, incluindo a capital baiana – de comício da campanha de Nelson Pelegrino.

  O candidato do PT é o segundo colocado na preferência dos eleitores soteropolitanos, de acordo com os dados da nova rodada da pesquisa Ibope/TV Bahia, divulgada quinta-feira. Pelegrino tem 12 pontos percentuais a menos em relação ao primeiro colocado, ACM Neto, o nome do Democrata para o Palácio Tomé de Souza.

  A manifestação de rua será à noite (escrevo no começo da tarde de sexta) na Praça Castro Alves: cartão postal turístico e marco simbólico de importantes eventos festivos, políticos e culturais na “cidade da Bahia”, como dizia Jorge Amado.

  Não posso garantir, (ainda é cedo), mas seria capaz de apostar – pela sondagem de temperatura ambiente desde o começo da semana -, que antes de chegar ao palanque na famosa “Praça do Poeta”, Lula sentirá a quentura. Não só da disputa eleitoral, mas também do impacto da escolha de sua amiga (muitos preferem chamar de afilhada) Marta Suplicy para comandar o Minc.

  Foi assim, sem a presença do ex-presidente, no ato festivo de posse comandado pela presidente Dilma no Palácio do Planalto. Fora Lula, estava lá praticamente todo mundo político e administrativo com apito no governo e no poder destes dias no Brasil, a começar pelo senador José Sarney, uma das figuras mais saudadas e cumprimentadas.

Ambiente ideal para as palavras definidoras do discurso da nova ministra:

 “O Brasil tem a cultura como identidade. Essa riqueza se manifesta na dança, na música, na gastronomia, nas roupas e nas mais diversas expressões. Tudo isso é fruto da miscigenação tupiniquim, que vamos ‘cirandar’ e aprofundar para deixar a marca cultural no governo Dilma”. Entendeu?

Veja então o arremate:

 “Muito me honra a possibilidade de fazer parte de um governo que ajudei a eleger e trabalhar em uma área que aprecio demais, e ainda mais sob o comando de uma mulher ‘arretada’ e competente a quem tanto admiro e com quem dialogo muito bem”, elogiou a nova titular do Minc. Teve mais, muito mais em Brasília, mas vamos parar por aqui .
 
Do: Terra.com




 

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