Em crescimento, mercado de antiguidades movimenta R$ 1 bilhão no Brasil.
Allan Torres/Folha de Pernambuco
A paixão por objetos antigos está presente na vida de Carlos Benevides desde a adolescência.
Aos 17 anos, era no interior de Pernambuco que ele comprava imagens de arte sacra. Mas somente há seis anos e meio o hobby se tornou profissão.
É no bairro de Santo Amaro que a Bons Tempos Antiquário muda a paisagem do Centro do Recife. Diferentemente das lojas modernas, o espaço abriga itens valiosos de variadas épocas.
E ela não está sozinha. De acordo com dados da Fundação da Feira Europeia de Arte e Antiguidades (Tefaf Masstricht, na Holanda), as vendas de artes e antiguidades no Brasil alcançaram a cifra de 455 milhões de euros em 2012 (cerca de R$ 1,2 bilhão), 1% do mercado mundial. Mesmo assim, o País é apontado como um mercado em crescimento.
Benevides divide com a filha, Marília, a propriedade da loja, especializada na revenda de imagens sacras, artigos para decoração e móveis - esses últimos, os objetos mais caros do recinto. Uma penteadeira (de madeira de lei e mármore) chega a custar R$ 10,5 mil. Mas, segundo Marília, há espaço para todas as classes.
Tacinhas e xícaras de cristal, por exemplo, podem ser encontradas por R$ 15. “Esta é uma rua boêmia, onde circulam muitos jovens, um público interessante que gosta de arte”, afirmou. “De modo geral, os objetos não são baratos, mas também não são inacessíveis.
Nós damos descontos, parcelamos. O mercado é lento e difícil, no sentindo de que vendemos sonhos e fantasias e um segmento mínimo se interessa por antiguidades”, disse Benevides.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Antiquários (ABA), Marcos Freitas, os maiores mercados do País estão localizados nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que também concentram as maiores feiras, onde colecionadores e vendedores cascavilham antiguidades valiosas.
“Isso se deve pelo maior poder aquisitivo e pelo tamanho da população”, justificou. Ainda segundo Freitas, a maior parte das peças comercializadas no Brasil são estrangeiras.
“Os itens de fora são mais valorizados, mas aqui também temos peças muito boas. Em sua maioria, são móveis e quadros de artistas que já faleceram e têm renome”, destacou.
Localizada em Boa Viagem, a Casa Antica também é um reduto de peças antigas na capital pernambucana. A especialidade da loja são itens dos séculos 17 e 18. “Cada antiquário garimpa seus itens a depender da clientela.
Nós compramos, especialmente, em feiras na França, em Portugal e em leilões”, contou o sócio proprietário da loja, Paulo Moreira. Segundo ele, nos últimos dez anos houve uma expansão do público.
“Os itens já foram mais caros, hoje estão mais acessíveis e, com isso, a classe média também pode comprar”, contou.
As mudanças também ocorreram nos itens procurados. “Em arte sacra, por exemplo, a queda foi vertiginosa, talvez pela diminuição no número de católicos e da própria fé. Com a diminuição dos espaços, também foi reduzida a procura por peças de grandes dimensões”, comentou.
Para Moreira, o atual cenário econômico brasileiro - com o aumento da taxa de inflação - já vem impactando as vendas. “Já provocou uma clara queda na procura. As pessoas vêm com orçamentos reduzidos e há um desaquecimento de um ano para cá”, ressaltou.
Serviço:
- Bons Tempos
Rua Mamede Simões, 144, Santo Amaro - Tel.: 3222.7944
- Casa Antica
Avenida Domingos Ferreira, 155, Boa Viagem - Tel.: 3221.6028
Da: Folha PE.
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