domingo, 26 de maio de 2013

Paixão de vendedores e clientes.

 Em crescimento, mercado de antiguidades movimenta R$ 1 bilhão no Brasil.


Allan Torres/Folha de Pernambuco
Benevides e a filha têm loja que atende várias classes
  A paixão por objetos antigos está presente na vida de Carlos Benevides desde a adolescência. 

  Aos 17 anos, era no interior de Pernambuco que ele comprava imagens de arte sacra. Mas somente há seis anos e meio o hobby se tornou profissão

      É no bairro de Santo Amaro que a Bons Tempos Antiquário muda a paisagem do Centro do Recife. Diferentemente das lojas modernas, o espaço abriga itens valiosos de variadas épocas. 

  E ela não está sozinha. De acordo com dados da Fundação da Feira Europeia de Arte e Antiguidades (Tefaf Masstricht, na Holanda), as vendas de artes e antiguidades no Brasil alcançaram a cifra de 455 milhões de euros em 2012 (cerca de R$ 1,2 bilhão), 1% do mercado mundial. Mesmo assim, o País é apontado como um mercado em crescimento.


  Benevides divide com a filha, Marília, a propriedade da loja, especializada na revenda de imagens sacras, artigos para decoração e móveis - esses últimos, os objetos mais caros do recinto. Uma penteadeira (de ma­deira de lei e mármore) che­ga a custar R$ 10,5 mil. Mas, segundo Marília, há espaço para todas as classes. 
  Tacinhas e xícaras de cristal, por exemplo, podem ser encontradas por R$ 15. “Esta é uma rua boêmia, onde circulam mui­tos jovens, um público inte­res­sante que gosta de arte”, afir­mou. “De modo geral, os obje­tos não são baratos, mas também não são inacessíveis.
  Nós damos descontos, parcelamos. O mercado é lento e difícil, no sen­­tindo de que vendemos sonhos e fantasias e um segmen­to mínimo se interessa por anti­guidades”, disse Benevides.
  De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Antiquários (ABA), Marcos Freitas, os maiores mercados do País estão localizados nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que também concentram as maiores feiras, onde colecionadores e vendedores cascavilham antiguidades valiosas.
  “Isso se deve pelo maior poder aquisitivo e pelo tamanho da população”, justificou. Ainda segundo Freitas, a maior parte das peças comercializadas no Brasil são estrangeiras.
  “Os itens de fora são mais valorizados, mas aqui também temos peças muito boas. Em sua maioria, são móveis e quadros de artistas que já faleceram e têm renome”, destacou.
   Localizada em Boa Viagem, a Casa Antica também é um reduto de peças antigas na capital pernambucana. A especialidade da loja são itens dos séculos 17 e 18. “Cada antiquário garimpa seus itens a depender da clientela. 
   Nós compramos, especialmente, em feiras na França, em Portugal e em leilões”, contou o sócio proprietário da loja, Paulo Moreira. Segun­do ele, nos últimos dez anos houve uma expansão do pú­blico.
  “Os itens já foram mais ca­ros, hoje estão mais acessíveis e, com isso, a classe média tam­bém pode comprar”, contou.
  As mudanças também ocorreram nos itens procurados. “Em arte sacra, por exemplo, a queda foi vertiginosa, talvez pela diminuição no número de católicos e da própria fé. Com a diminuição dos espaços, também foi reduzida a procura por peças de grandes dimensões”, comentou. 
  Para Moreira, o atual cenário econômico brasileiro - com o aumento da taxa de inflação - já vem impactando as vendas. “Já provocou uma clara queda na procura. As pessoas vêm com orçamentos reduzidos e há um desaquecimento de um ano para cá”, ressaltou.
Serviço:
- Bons Tempos
Rua Mamede Simões, 144, Santo Amaro - Tel.: 3222.7944

- Casa Antica
Avenida Domingos Ferreira, 155, Boa Viagem - Tel.: 3221.6028

Da: Folha PE.

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