domingo, 10 de março de 2013

Forte, ciranda e peixe-boi na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco; conheça.


 Quem pretende percorrer os 184 quilômetros do litoral de Pernambuco, ou apenas parte dele, tem um motivo a mais para incluir Itamaracá no seu roteiro. Conhecida como a terra da ciranda — é onde mora a cirandeira Lia, a mais famosa do país — a ilha tem mais uma atração: o Forte Orange. 



 Depois de passar dois anos fechado, aquela que é considerada a maior fortaleza em pedra do Nordeste foi reaberta ao público em novembro passado. Desde então já recebeu mais de 35 mil visitantes. Além de sua importância histórica, da imponência e da beleza arquitetônica, o forte ainda fica em um local privilegiado: à beira-mar, em frente à chamada Coroa do Avião, uma ilhota de areias brancas e finas, cercada de águas cristalinas, muito procurada por turistas, principalmente em tempos de maré baixa, quando arrecifes e coroas de areia dividem o mar em dezenas de piscinas naturais. Como se isso não bastasse, do alto da fortaleza podemos avistar manguezais, colinas verdes que recortam o relevo da ilha e o vaivém colorido de barcos conduzindo os turistas.

Roteiros de barco e para ver mamíferos aquáticos.
  Antes ou depois de visitar gratuitamente o Forte Orange, cujas obras para reparos emergenciais consumiram R$ 350 mil e permitiram a sua reabertura, não há quem resista a um mergulho. Principalmente na maré baixa, quando a praia fica ainda mais convidativa e se intensificam as idas e vindas à Coroa do Avião, onde os coqueiros se misturam com bares e guarda-sóis. Se você gosta de praia mais tranquila, vá durante a semana. A travessia entre a praia em frente à fortaleza e a Coroa custa R$ 10.
 Mas se a ideia é fazer um passeio maior, até as piscinas naturais, é preciso pagar entre R$ 35 a R$ 40 por um percurso de cerca de 50 minutos. Com o mesmo valor, pode-se fazer um roteiro ecológico, percorrendo os manguezais verdejantes de Itamaracá. Porém, quem pretende conhecer a ilha por inteiro vai precisar de mais tempo, seis horas, e um pouco mais de dinheiro: R$ 150 por pessoa. O passeio que dá a volta em Itamaracá vale a pena, e pode ser fechado na hora, principalmente nos dias de semana, quando o movimento é bem menor
 Outra dica para quem está nas proximidades do Forte Orange é visitar o Parque Temático Mamíferos Aquáticos e ver de perto um dos animais mais dóceis que existem: o peixe-boi-marinho, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil e cuja pesca é proibida.
  O parque tem cinema, museu e aquários, que abrigam atualmente 11 animais. Brincalhões e curiosos, eles até se debruçam na borda das piscinas para observar de perto os turistas, que participam de visitas guiadas. A primeira parada é em um auditório que funciona como cinema, onde é exibido um documentário sobre a vida dos peixes-bois e dos golfinhos-rotadores.
 Em seguida, percorre-se o museu onde estão expostos artefatos que eram utilizados na pesca predatória, como o tacape, usado para golpear o animal, impedindo-o de ir à superfície respirar, tornando-se assim, presa fácil. O último registro de pesca de peixe-boi-marinho com arpão (outro equipamento utilizado) foi em 1987, depois de quatro séculos de pesca predatória.
 Há, ainda, informações e fotografias sobre outros mamíferos marinhos, como as baleias. Depois de tantas lições sobre a importância desses animais para o equilíbrio da natureza, nada como ver os peixes-bois-marinhos de perto, visitando os aquários. 
 Alguns dos animais que passaram por lá foram recolhidos ainda bebês, desgarrados das mães, e um dia voltarão ao mar.
Obra em progresso.
 Um projeto para revitalização e restauração completas do Forte Orange, segundo o Iphan, já foi aprovado pelo Ministério da Cultura e encontra-se em fase de captação de recursos. Serão R$ 26 milhões destinados a obras como contenção do avanço do mar, restauração arquitetônica e ainda a criação de um museu com peças encontradas nas escavações arqueológicas recentemente realizadas ali.
 De acordo com o coordenador geral da pesquisa arqueológica feita no local, professor Marcos Albuquerque, foram recolhidos milhares de objetos, entre cachimbos, louças, munições, moedas, armas e até cabos de espadas. As peças estão em fase de identificação e catalogação, trabalho que deve ser concluído até julho. 
 Segundo Frederico Almeida, superintendente do Iphan em Pernambuco, o projeto destinado ao forte é mais abrangente do que a simples restauração: inclui preservação da vegetação que o circunda, construção de novos acessos e até vias suspensas sobre o manguezal.
 A fortaleza, uma das 43 tombadas entre as 109 que ainda existem no Brasil, data de 1631, quando foi erguida pelos holandeses. Depois, foi tomada pelos portugueses, que a reedificaram e nela permaneceram de 1696 a 1745. De acordo com o arqueólogo, há resquícios da permanência holandesa, que estão atualmente cobertos de areia e ficarão visíveis após a restauração, como poço, portal e muralha da casa de pólvora. No forte ainda restam 13 canhões (oito deles devidamente posicionados).
Cultura popular, História e pescados.
 Com quase 70 quilômetros quadrados, Itamaracá possui 11 praias, sendo as mais frequentadas a do Forte, Pilar, Forno da Cal e Jaguaribe. É nesta última que Lia, que se apresenta no Rio e em São Paulo com regularidade, movimenta as cirandas que deram fama à ilha.
 Além das praias, outro local muito visitado é Vila Velha, com acesso por estrada de paralelepípedos, aberta no meio da mata nativa. São apenas seis quilômetros da estrada até o centro do vilarejo, onde se tem a impressão de que o mundo parou. Vila Velha foi a antiga sede da capitania hereditária de Itamaracá, cuja ocupação teve início em 1516.
  Na época, havia ali duas igrejas, uma cadeia e um porto. Uma das igrejas ainda sobrevive, a de Nossa Senhora da Conceição, erguida no final do século XVI e muito simples. Muitas pessoas que visitam Vila Velha fazem a antiga trilha dos holandeses, que leva até a praia. 
 Do vilarejo, descortina-se o mar azul, a Coroa do Avião, o Forte Orange, os manguezais e as colinas verdes da ilha. O único restaurante do local é o Encontro de Amigos, muito simples — as galinhas passeiam no quintal —, servindo petiscos como camarão ao alho e óleo, fritada de siri, peixe frito e até paella.
 Na parte baixa da ilha, próximo ao forte e na beira-mar, são muitos os bares e restaurantes que servem sururu, mariscos e, sobretudo, o filé de agulha branca, peixe saboroso que só existe no Nordeste. No Casa Cheia, os preços variam de R$ 20 (porção de marisco) a R$ 45 (fritada de camarão ou siri).
 Outra boa pedida é parar na cabeceira da Ponte Getúlio Vargas, que liga o continente (no município de Itapissuma) a Itamaracá. Há uma praça popular de alimentação, onde se pode saborear uma deliciosa caldeirada, acompanhada de pirão e arroz branco, por R$ 45. 
 A porção seria para duas pessoas, mas três comem bem. No local, a caldeirada mais famosa e tradicional é a da Irene. Vá sem medo, e desfrute da paisagem do Canal de Santa Cruz, que separa a ilha do continente, com seus barquinhos coloridos.
 Também não deixe de comprar frutas e doces deliciosos que são vendidos na estrada que dá acesso à ilha: manga-rosa, mangaba e caju podem ser comprados por R$ 5 (uma bacia cheia). Os doces, vendidos em pequenos potes, também custam R$ 5 e são saborosos, principalmente as passas de caju e o de mamão verde com coco.
 Apesar de ainda ter muitas áreas verdes, Itamaracá sofre com a sujeira deixada nas ruas e praias e não conta com grande infraestrutura hoteleira. Mas possui pelo menos um bom hotel, o Orange, quase vizinho ao forte.
ONDE FICAR.
 Hotel Orange: Diárias a partir de R$ 404. À beira-mar, fica perto do forte. Tel. (81) 3544-1170. hotelorange.com.brPousada Recanto do Sossego: Diárias a partir de R$ 140. Na Praia do Sossego, uma das mais tranquilas da ilha. Tel. (81) 8860-7345. pousadarecantodosossego.com
PASSEIOS.
 De barco: Para passeios até a Coroa do Avião ou as piscinas naturais e os manguezais de Itamaracá ou para dar a volta na ilha, dê sempre prioridade a profissionais cadastrados na Coopemar ou na Associação de Jangadeiros. Os passeios podem ser marcados pelo telefone (81) 3544-16022, no horário comercial.
Parque Mamíferos Aquáticos: O ingresso custa R$ 10 . Estrada do Forte Orange, s/n. Tel. (81) 3544-1056.
COMO CHEGAR.
 De carro: Itamaracá fica a 45 quilômetros de Recife pelas rodovias asfaltadas BR-101, PE-35 e PE-001.
De ônibus: A empresa Itamaracá liga Recife à ilha, das 7h25m às 23h30m, mas o passageiro tem que trocar de ônibus no terminal da cidade histórica de Igarassu. O bilhete para o percurso completo custa R$ 3,45.
Do: Paraiba.com.br

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