Emancipada de Igarassu desde 1997, cidade ainda não conseguiu promover desenvolvimento social ou econômico a níveis compatíveis com RMR. | |
Em 17 anos de emancipação, Araçoiaba deu berço a uma população sem grandes perspectivas de futuro. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A Press. |
São 110 ruas, das quais apenas 80 têm nomes catalogados. As áreas, ditas urbanas, se dividem em quatro bairros. A cidade tem 68 pontos comerciais, quatro farmácias, três postos de gasolina, dos quais somente um funciona, e duas linhas de transporte público. Não há pousadas ou hotéis. A cidade também dispõe de 11 escolas, sendo dez municipais, de ensino infantil e fundamental, e uma estadual, que se encarrega do ensino médio. São seis postos de saúde da família, sendo um na zona rural, e uma Unidade Mista de Saúde, cujo atendimento de emergência tem previsão de oferta, pela primeira vez, apenas no mês de setembro.
Na área cultural, há oito maracatus rurais, quatro quadrilhas juninas e um caboclinho. O município não tem indústrias. “Aqui não mudou muito. A principal é que está asfaltada. Fora isso, só a ação dos políticos em época de eleição. Eu mesmo não fui consultado sobre essa independência. Preferia ser de Igarassu”, conta o encanador Hercílio Augusto da Silva, que vive os mais recentes 20 anos, de seus 51, na região.
Saneamento básico é outro martírio da população. Apesar de ter uma das maiores barragens do estado, a Botafogo, que abastece quatro cidades da zona norte da RMR, Araçoiaba recebe água de um segundo reservatório, bem menor, também localizado no município, cuja capacidade não consegue suprir a demanda. “Água aqui é de poço e a gente faz fossa, vai se virando como pode”, afirma Maria do Carmo da Silva.
Nos 17 anos de existência, a cidade deu berço a uma população sem grandes perspectivas de futuro. Mais de um quarto da população é analfabeta e os estudantes, muitas vezes, ficam atrasados na programação escolar. Cleidson Cardoso vive no bairro de ‘Nova Araçoiaba’. A ironia é que ‘Pixoto’, como é conhecido, nunca testemunhou uma realidade diferente da que viu se estabelecer enquanto crescia, ano a ano, junto à cidade em que nasceu.
Nunca viu a ‘antiga’ versão do município e também não consegue identificar o que mudou nos últimos anos. Tampouco o que espera ser diferente daqui para frente. Como tantos outros, responde às perguntas com um “não sei”. O que espera com um “qualquer coisa”. Só sabe do que gosta de fazer. “andar com os meus burros pelas ruas daqui. São três fêmeas e um macho”, conta, acanhado, dando voz a toda uma população que não se interessa por festas, comemorações ou mesmo o significado do nome da cidade do ‘chapéu que esconderia o sol’. O que querem mesmo saber é onde se escondeu o desenvolvimento.
Do: Pernambuco.com
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