quarta-feira, 23 de maio de 2012

Quase 30% dos pernambucanos praticam atos corruptos, mas condenam no âmbito político.


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A pesquisa faz parte das ações de uma campanha promovida pelo Ministério Público
Imagem: divulgação

Mariana Dantas Do NE10

 Antes de sair de casa, Paulo baixou várias músicas na internet para ouvir no seu MP3. Entrou no carro com o fone no ouvido e, enquanto dirigia, acabou sendo flagrado pelo agente de trânsito. Para não pagar a multa, o jovem ofereceu dinheiro ao guarda. Devido ao "imprevisto", Paulo chegou atrasado ao trabalho e decidiu furar a fila do elevador. Cansado após um dia inteiro de reuniões, ele abordou um ambulante que passava na rua para comprar um filme pirata. A noite seria de descanso, em frente à TV, na companhia da família.

  A história é fictícia, mas as atitudes do personagem são bastante comuns e, infelizmente, praticadas por quase 30% da população do Grande Recife. E o pior, algumas atitudes citadas acima, como comprar produtos piratas, é considerada correta ou aceitável por 53% dos moradores da Região Metropolitana. A porcentagem aumenta para 83% quando se trata de baixar músicas ou livros na internet. É o que mostra o resultado da pesquisa "O que você tem a ver com a corrupção?", desenvolvida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) em parceria com a Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire). 

A pesquisa teve como objetivo avaliar o nível de tolerância da população da RMR em relação a corrupção e como a prática está presente nas suas vidas. O resultado foi apresentado à imprensa na tarde desta segunda-feira (21), no auditório da Fafire, na Boa Vista, no Recife.



Foram entrevistados, entre os últimos dias 5 e 12 de março, 700 moradores das cidades do Recife, Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Abreu e Lima, Igarassu, Moreno, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. Homens e mulheres de diferentes idades (a partir dos 16 anos), renda familiar e escolaridade puderam opiniar sobre atitudes corruptas relacionadas com o cotidiano, o serviço público e a política nacional.

"Uma parcela da sociedade tem dificuldade de entender que certas atitudes do dia a dia podem ser consideradas corruptas. Esperamos que a pesquisa sirva de instrumento para conscientizar a população em prol de uma sociedade melhor. Vamos usar os dados para promover debates sobre o tema. Já em relação à política nacional, o Ministério Público entende que as punições devem ser mais severas para coibir a prática da corrupção", afirmou o promotor de Justiça Maviael Souza. Segundo ele, a corrupção no Brasil resulta no desvio anual de aproximadamente R$ 70 bilhões dos cofres públicos.

 DADOS POSITIVOS  - Felizmente, nem tudo é aceitável pela maioria da população. Furar fila é uma atitude errada para 92% dos entrevistados. E se o cidadão pernambucano é mais tolerante em relação a algumas atitudes corruptas do cotidiano, a corrupção envolvendo o serviço público e a política nacional é condenada pela maioria (confira na pesquisa abaixo).



Pagar propina a um policial para não receber multa, por exemplo, é uma atitude grave para 93% das pessoas entrevistadas. 94,46% também acreditam que agilizar a liberação de documentos através do pagamento de um extra a funcionários públicos é uma atitude grave. Já os políticos que compram votos foram os campeões de rejeição. 99,12% dos moradores do Grande Recife condenam a prática.

Durante a apresentação da pesquisa, o coordenador do grupo de estudos da Fafire, Uranilson Carvalho, responsável pelo trabalho, explicou que a análise dos resultados também levou em consideração os dados socioeconômicos dos entrevistados.

"A escolaridade aparece como um fator relevante na percepção sobre os atos de corrupção. Quanto mais alta a escolaridade, maior o percentual dos que afirmam nunca praticar corrupção. Isso prova como é necessário investir em educação", explicou.

Em relação ao gênero, as mulheres (74,25%) afirmam praticar menos atos de corrupção que os homens (70,45%). Em relação à faixa etária, o percentual dos que afirmam nunca praticar corrupção é menor entre os mais velhos em comparação com os mais novos.
Do: NE 10.

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