Polêmico como árbitro de futebol e como comandante de batalhões da
Polícia Militar do Rio, o tenente-coronel Djalma Beltrami foi preso
nesta segunda-feira (19) ao chegar ao 7º Batalhão de Polícia Militar de
Alcântara, em São Gonçalo (Região Metropolitana), que comandava desde
agosto. Ele e 12 integrantes do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 7º
BPM são acusados de receber propinas de traficantes do Morro da Coruja,
em São Gonçalo. Quatro traficantes também foram presos e um menor armado
apreendido.
De acordo com o delegado titular da Divisão de
Homicídios (DH) de Niterói, Alan Luxardo, que coordenou a operação
batizada de "Dezembro Negro", imagens gravadas no início de setembro,
testemunhas e escutas telefônicas provam o envolvimento dos PMs com os
traficantes. Uma filmagem mostra uma equipe do GAT do 7º BPM em reunião
com o advogado do traficante Maico dos Santos Souza, o Gaguinho, em um
dos acessos ao Morro da Coruja.
"Escutas telefônicas autorizadas
pela Justiça revelaram que policiais militares do 7º BPM negociavam
propinas com traficantes para deixar funcionar livremente o tráfico de
drogas. Em uma das conversas, o policial pedia, por semana, a quantia de
R$ 10 mil para o "Zero Um" (como é chamado o comandante do batalhão) e
de R$ 5 mil para cada uma das gêmeas do GAT (como eram chamadas as
viaturas do grupo de elite do 7º BPM)", explicou o Promotor de Justiça
Marcelo Arsenio, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, que participou da
operação junto com a Corregedoria Geral Unificada e a DH de Niterói.
Na
gravação da conversa telefônica, o traficante reclama dos valores
cobrados pelos policiais. "Como é que vou dar dez (mil) pra tu (sic)? E
depois tem que dar tanto para as outras 'gêmeas'? Tá louco, aí eu morro,
fico na 'bola'. A boca não é minha, não, cara", protesta o traficante.
Treze policiais militares foram indiciados por associação para o tráfico
e corrupção passiva. Foram expedidos 11 mandados de prisão contra
traficantes.
Em menos de três meses, Beltrami foi o segundo
comandante do 7º BPM preso. Ele substituiu o Claudio Luiz de Oliveira,
que foi preso sob a acusação de ser o mandante do assassinato da juíza
Patrícia Acioli, executada com 21 tiros na porta de casa. Em depoimento,
Beltrami negou todas as acusações e disse que jamais recebeu dinheiro
do tráfico. Ao sair da sede da DH de Niterói, ele não quis falar com os
jornalistas.
Fardado, o ex-árbitro participou de ações
importantes. Ele comandava o 14º BPM de Bangu (zona oeste), em abril
deste ano, quando o ex-aluno Wellington Menezes matou 12 estudantes da
Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, e foi morto pela PM. Na
ocasião, Beltrami disse que a carta de despedida do atirador tinha
"características fundamentalistas". A declaração provocou protestos da
comunidade muçulmana no País. Ao final da investigação, a Polícia Civil
concluiu que a motivação para a chacina foi o bullying sofrido por
Wellington na época do colégio.
Fonte: NE 10
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