segunda-feira, 22 de junho de 2015

Itamaracá é a ilha do total desencanto, e suas praias enfrentam lixo.


Parece um paraíso. Mas a Ilha de Itamaracá enfrenta poluição ambiental
 (muito lixo nas praias), sonora e ainda omissão do poder público. 
No Forte de Orange (ao fundo), iniciativa privada providencia limpeza do entorno.

Dizia Reginaldo Rossi, que “Itamaracá é uma ilha encantada”. Se o rei do brega ainda fosse vivo, talvez invertesse a letra de uma de suas mais famosas composições. É que a illha, que chegou a ser disputada por holandeses e portugueses no passado, e terminou sendo comprada pelo Rei Dom João V para a Coroa Portuguesa, não é mais a mesma. Antes considerada paradisíaca, ela transformou-se em um “inferno” de acordo com seus veranistas e moradores. Em correspondências enviadas à redação, alguns relatam uma série de transtornos. Reclamam da omissão do poder público, do excesso de lixo, da poluição sonora. 

Proprietário de uma residência à beira mar, na praia Forno da Cal, o leitor Francisco Conte diz que não pode nem entrar de carro na rua, porque uma moradora decidiu construir uma vala de um metro de profundidade, para escoar esgoto e água da chuva. Como algumas casas da rua ficam abaixo do nível do mar, quando a maré sobe, muitas são invadidas. “Mesmo que se desejasse o escoamento, somente com o projeto de saneamento e aprovação  dos órgãos competentes, isso poderia ter sido feito, assim mesmo pela Prefeitura. 

E não por um particular”. Ele relata que já procurou várias vezes a Prefeitura, pedindo providências, mas que nada foi feito. E se diz impressionado com a bagunça. Porque, pelo que se vê, a ilha virou uma terra sem lei. Na praia e nas ruas, o que se observa é lixo amontoado em todo canto, e montanhas de garrafas até na areia.

Conte lembra que se no passado Itamaracá era uma das praias mais requisitadas no Estado, e que atualmente o que ocorre é o contrário. Na quadra onde reside, quase todas as casas estão à venda. “Só não estão três, incluindo a minha no meu quarteirão”, comenta. E desabafaba: “O pior é que ninguém quer comprar as abandonadas. Depois, acrescenta: “A situação é tão triste, que ultimamente fecharam duas pizzarias, uma galeteria, dois restaurantes de comida regional”, denuncia. 

Ele reclama, ainda, que a última via que ganhou asfalto foi em 1990, e que os acessos para a marina da praia estão se inviabilizando, principalmente no inverno. “É futebol sendo jogado livremente, motos na praia, cachorros e cavalos tomando banho de mar, e sujeira de sobra. Veraneio há 21 anos nessa ilha, e para ser sincera, nunca vi passar um gari em frente da minha casa”, diz Ângela Pedroso. 

“Como se isso não bastasse, tem poluição sonora em todo canto. Os bares ligam som alto, os frequentadores  abrem o porta malas dos seus carros com som potente, e ninguém faz nada”. Ela afirma que, aos sábados e domingos, o barulho chega perto do insuportável. O condomínio onde veraneia fica ao lado de um bar: “é muito comum o barulho explosivo e simultâneo do bar, dos automóveis e dos próprio condomínios. Ninguém respeita ninguém, e lei  para coibir esses abusos, que seria bom, ninguém vê nem o rastro. Cada um que exagere mais do que o outro, e chato é só quem reclama”, desabafa ela.

Praias como a do Pilar, Jaguaribe e o próprio Forno da Cal estão imundas, segundo relatam os leitores. Eles dizem que o lugar menos sujo é o entorno do Forte de Orange, um dos principais atrativos turísticos da Ilha, e que está entre os mais procurados. Embora atualmente esteja fechado para visitas – devido a escavações arqueológicas e obras de restauração – mesmo assim atrai visitantes, que ficam em bares próximos a ele, ou na Coroa do Avião, defronte do Forte, e cujo acesso é feito de jangada, lancha ou canoa. 

De acordo com funcionários do Centro de Mamíferos Aquáticos, que fica na vizinhança, a limpeza da área é feita com ajuda da iniciativa privada (há um hotel no local) e até dos barraqueiros, porque temem o sumiço de turistas. Há pouco tempo, em visita a Vila Velha – um dos locais históricos da ilha – o que a repórter testemunhou foi desolador: um abandono completo e absoluto.

Do: JC Online.

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