quarta-feira, 29 de abril de 2015

Parte do Arco será incluído no pacote de concessões da União.

Anúncio de PPP para o Arco convive com expectativa pelo edital do Miniarco.


Depois de muito vai e volta e de entrar de vez no hall de obras atrasadas do Governo Federal, o Arco Rodoviário Metropolitano do Recife pode ganhar uma configuração inédita, pelo menos no Estado. Do ponto de vista administrativo, a rodovia orçada em mais de R$ 1 bilhão será a primeira “mista”, com um trecho público e outro privado. Nesta segunda-feira (28), a presidente Dilma Rousseff anunciou que o projeto do Lote 1 do empreendimento - que vai da BR-408, em Paudalho, a BR-101, em Goiana - está prestes a ser incluído no pacote de concessões em infraestrutura da União, a ser anunciado nas próximas semanas. Isso significa que, apenas o segmento Norte do arco poderá ser pedagiado.
Recebido com aplausos pelos convidados na inauguração do Polo Automotivo Jeep, em Goiana, a “novidade” revela uma contradição do Planalto. Em 2011, o consócio formado pela Odebrecht, Queiroz Galvão e Investimentos e Participações em Infraestrutura (Invepar) previa o pedágio. A ideia do Governo de Pernambuco, que faria uma Parceria Público-Privada (PPP), foi rechaçada há dois anos pela presidente, que assumiu a responsabilidade pela obra. Agora, com a possibilidade de cortar até 40% do orçamento do Ministério dos Transportes (cerca de R$ 6 bilhões), a proposta é bem-vinda.
“Diante da possibilidade clara de redução de investimentos, Pernambuco na verdade ganhou a oportunidade de ter essa rodovia de uma vez por todas com a concessão. Muitas empresas terão interesse e, certamente, esse trecho ficará pronto juntamente com o outro, previsto para ser licitado antes”, avaliou o administrador e especialista em logística da Faculdade Esuda, Paulo Ney Barata.
O presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, comemorou a notícia, classificando-a como um sopro de “esperança” para o setor produtivo. Porém, ele espera que os trâmites ambientais sejam céleres desta vez. “Esse arco é essencial, principalmente para a Mata Norte, e até hoje não o temos. Parte da culpa é do Governo de Pernambuco. Faltou pró-atividade em fazer a licença ambiental, espero que agora saia do papel”, destacou.
Em relação à possibilidade de pedágio, Essinger defendeu o modelo, pois o considera mais justo. “Na rodovia pública todos pagam, na que é concedida à iniciativa privada apenas quem usa paga”, defendeu.
A presidente Dilma Rousseff confirmou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) fará o lançamento do edital de licitação do trecho entre a BR-408, em Paudalho e a BR-101, no Cabo, em maio. O arco será alternativa ao tráfego saturado da BR-101.
Empresário ainda espera alternativa
Enquanto o Arco Rodoviário Metropolitano do Recife não vira realidade, o Governo de Pernambuco prometeu lançar o edital para contratar uma empresa capaz de projetar e construir uma alternativa à BR-101. A expectativa era de que a abertura do certame fosse anunciada ontem, mas não aconteceu. Também, sem previsão da rodovia de 14,4 quilômetros orçada em R$ 140 milhões, as empresas da Mata Norte precisarão recorrer a “jeitinhos” para fugir do trânsito lento da BR.
O traçado do Miniarco, que terá formato de “S”, prevê a ligação da PE-35, em Itamaracá, seguindo por sete quilômetros até o entroncamento da BR-101 com a PE-15, nas proximidades do Hospital Miguel Arraes, em Abreu e Lima. De acordo com o vice-presidente de manufatura da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Stefan Ketter, o grupo está sendo obrigado a procurar caminhos alternativos. “Vamos nos virando com as rodovias estaduais que estão sendo recuperadas”, lamentou.
Dono da Intervidro, Bruno Maçãs, tenta reduzir os impactos nos custos fazendo operações logísticas durante a madrugada, pela BR-101. “O Arco Metropolitano é vital para o polo vidreito, sem ele e sem outra alternativa a gente precisa alterar horários para evitar picos, mas nem sempre é possível”, reclamou o empresário.
Para o gerente da frota Eclipse e professor de logística da Faculdade dos Guararapes (FG), Edson Torres, só há uma alternativa, a recuperação da BR-101. “Seria muito mais barato e rápido recuperar a rodovia. Estão colocando o carro na frente dos bois”, defendeu.
Da: Folha PE.

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