sábado, 18 de abril de 2015

Engorda da orla chega a Ipojuca e Itamaracá

Secretaria de Meio Ambiente estima que investimento pode chegar a R$ 200 milhões.




Clemilson Campos/Folha de Pernambuco
Em Ipojuca, a praia de Maracaípe, conhecida pelos campeonatos de surfe, vem amargando uma trajetória de estragos. Vários metros da faixa de areia foram sugados pelo mar
Os municípios de Ipojuca, no Litoral Sul, e Itamaracá, no Litoral Norte, devem ser os próximos a receber projetos de engorda das praias, como medida de contenção ao problema do avanço do mar. A promessa foi feita pelo secretário Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Xavier, admitindo que os investimentos podem chegar a ordem de R$ 200 milhões. A Folha visitou, ontem, os dois importantes polos da costa, identificando a destruição causada pela força das ondas. A erosão tem derrubado muros e impedido o acesso a diversos trechos da orla, gerando temor e prejuízos para moradores e comerciantes. Apesar da urgência para a adoção de medidas, a previsão é de que as intervenções se tornem realidade até o fim de 2016.

“Estamos na fase de preparação de documentos para a elaboração do projeto executivo. O processo de licitação para a contratação da empresa responsável será iniciado no próximo semestre, devendo cumprir os tramites legais”, explicou Xavier. Segundo o gestor, a exemplo de outras cidades, estudos deverão apontar os pontos mais críticos e o volume de areia necessário para a aplicação. “O momento econômico no País é difícil e os valores ainda não estão assegurados. No entanto, não vamos poupar esforços para conseguir devolver a praia à população. No aguardo de obras estruturadoras, a manutenção pode ficar a cargo dos municípios”, afirmou. Tratando-se do Recife, Olinda e Paulista, a fase de projetos executivos já teria sido finalizada desde o ano passado, mas, sob a alegação da falta de recursos, os serviços não conseguiram avançar.
Clemilson Campos/Folha de Pernambuco
Força do avanço levou consigo bares, postes e parte dos muros das casa, deixando as residências a poucos metros da água
A famosa praia de Maracaípe, em Ipojuca, conhecida pelos campeonatos esportivos e a prática de surfe, vem amargando uma trajetória de estragos. Vários metros da faixa de areia foram sugados pelo mar, levando consigo bares, postes e parte dos muros das residências. Muitas delas foram instaladas indevidamente, sem respeito a distância mínima de 33 metros. Calçadas já não podem ser vistas na extensão da avenida beira-mar, que abriga pousadas e restaurantes. “O prejuízo é grande. De tanto ter que refazer o muro destruído, optamos por apenas colocar cercas. A água não perdoa e cada vez chega mais perto”, lamentou Damião Moura, de 54 anos, há 10 anos habitando no local. A linha de coqueiros também tem sido atingida, vários estão no chão e outros têm as raízes à mostra. Os próprios moradores se reuniram para a colocação de pedras, na tentativa de reduzir os transtornos.

    Nos arredores, a badalada praia de Porto de Galinhas também registra o problema. Conforme já mostrado pela Folha, 62% da faixa litorânea segue vítima da erosão marinha, abrangendo 13 municípios, dos quais apenas dois, Paulista e Jaboatão, iniciaram medidas de controle

    Clemilson Campos/Folha de Pernambuco
    Em Itamaracá é possível notar os efeitos da erosão claramente em vários pontos de ilha
    A situação caótica também pode ser encontrada entre as belezas da Ilha de Itamaracá. Na praia do Sossego, com a ausência de soluções, muitos moradores colocaram os imóveis à venda. Em parte deles, as paredes encharcadas pelas águas já apresentam rachaduras. Na Enseada dos Golfinhos e no trecho conhecido como Pontal da Ilha, a situação é ainda mais grave. “Casas inteiras já foram ao chão e alguns bares destruídos insistem em reconstruir no mesmo lugar”, contou Antônio Araujo, 49.

    Procurada pela Folha, a Secretaria de Meio Ambiente de Ipojuca informou que quatro pontos de erosão já foram identificados, dando início a uma parceria com a CPRH para estudos e futuros projetos de contenção. Já a Prefeitura de Itamaracá não se posicionou sobre o assunto.
    Preamar – Um levantamento sobre a linha máxima de altura do mar (Preamar) foi executado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, devendo ser apresentado até o fim do mês. O estudo promete estabelecer a faixa permitida para as construções à beira-mar, com o propósito de trazer mais segurança.
    Engorda - A orla de Jaboatão dos Guararapes foi a primeira a passar pelo processo de engorda. Em Janeiro do ano passado, após serem investidos R$ 40 milhões na recuperação da faixa de areia, o mar voltou a avançar na orla do município. 
    Da: Folha PE.

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