quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Designer recifense é alvo de comentários xenofóbicos no Instagram.

  Advogado criminalista da OAB ressalta que a injúria, caso a autoria seja identificada, será julgada como um crime comum, mesmo sendo publicada na internet.

 

   Mais um caso de discriminação contra nordestinos ganhou destaque nas redes sociais nesta terça-feira (7). A vítima, dessa vez, foi a recifense Laura Marinho, designer, blogueira e proprietária de uma grife de acessórios. A pernambucana publicou em seu perfil no Facebook uma captura de tela na qual mostra um comentário abusivo sofrido em sua página do Instagram, postado na segunda-feira (6), no qual uma mulher ridiculariza o fato da mesma trabalhar com moda e ser nordestina. 

 

   A mulher, da qual se sabe apenas o nome do perfil no Instagram (@daniellebarretoo), postou um comentário no perfil da pernambucana: "estilista ...blogueira...e etc..sai toda semana nas colunas sociais no eixo Rio e Sampa ...Milão..NY...aonde a moda de verdade acontece, a moda não acontece no interiorzinho... Kkk" e completou: "Blogueira no sertão é mole, veste cabra, veste bode.. @laurinhamarinho".


Facebook/Reprodução


Comentários de cunho xenofóbico provocaram a revolta não só de Laura, mas de centenas de internautas
 
    Laura fez uma espécie de "postagem-denúncia" no Facebook, onde desabafou. "Gente, eu não costumo fazer esse tipo de coisa, acho até desnecessário na maioria das vezes. Mas nesse caso específico, fui vítima de descriminação e preconceito. Não consigo entender como uma pessoa entra na página da outra pra fazer comentários como este. Isso é crime, não aceito e não me calo. Tenho muito orgulho de ser pernambucana e fico ARRETADA quando debocham da minha terra. Talvez isso não dê em nada, mas eu tenho voz, sou uma cidadã e me sinto no dever de denunciar tamanho absurdo. #revoltada", declarou.

  Por telefone, em entrevista ao Folha PE, a designer falou sobre o acontecido e seu sentimento. "Eu postei uma foto que não tinha nada a ver com o comentário que essa senhora fez, na minha foto eu estou de braços abertos, com o mar ao fundo, nada mais, não tem nada a ver com moda. Isso nunca tinha acontecido comigo na internet, já chegou a acontecer presencialmente em São Paulo, mas foi bastante diferente, a atitude dela me deixou muito aborrecida", disse.

   Laura também afirmou que já providenciou orientação profissional para levar o caso à Justiça. "Estou tomando as providências necessárias para que essa mulher pague pelo mal que fez não só a mim, mas ao povo pernambucano, ao povo nordestino. Além de não me conhecer e postar um comentário claramente direcionado a uma ofensa pessoal, ela ridiculariza o fato de que se produza moda aqui. 

   Ela certamente não conhece nossos estilistas, nunca deve ter visto uma peça de Renascença do nosso interior, só para citar um exemplo. A moda não acontece só nas grande metrópoles, muito menos deve ser uma ditadura. Temos aqui uma moda diferente e linda, característica da Região. O sentimento é de revolta, tudo está muito errado e a gente tem que mudar isso, algumas pessoas me orientaram a deixar para lá, mas eu tinha que fazer alguma coisa. Não adianta eu postar minha indignação e não tomar uma atitude mais séria, da mesma forma como sempre estimulei outras pessoas a lutar contra o preconceito com nossa Região".

     O advogado criminalista da OAB, Dr. Maurício Bezerra, disse ao Folha PE que o caso pode ser caracterizado como injúria e que a mesma pode e deve reunir as provas para realizar um registro e uma ata notarial para que a pessoa que cometeu o crime seja indiciada. "É um caso triste, e o pior, ainda é uma prática comum. Com a internet e as redes sociais, qualquer pessoa pode provocar um mal incalculável a outra pessoa ou grupos, raças, etnias, regiões geográficas e afins, como ocorreu no caso de Mayara Petruso, ano passado, que sofreu as consequências de proferir uma série de discursos discriminatórios contra o povo nordestino. 

     Com as provas e a identificação do autor, não será difícil fazer com que a responsável pague pelo ato. Vale ressaltar também que, caso seja punida, a pessoa responsável responderá pelo crime como se o mesmo tenha sido realizado pessoalmente, mesmo que tenha lesado esta moça pela internet".

Da: Folha PE.

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