segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Em PE, estrutura de postos ainda é desafio 3 meses após 'Mais Médicos'.

Chegada de primeiros médicos cubanos completa 3 meses neste domingo.

Estado conta atualmente com 196 profissionais formados no exterior.


Unidade de Saúde Gambá, em Goiana, passa por reformas para se adequar às exigências. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Unidade de Saúde Gambá, em Goiana, passa por reformas para se adequar às exigências (Foto: Katherine Coutinho / G1)
     A chegada do primeiro grupo de médicos cubanos ao Brasil para compor o programa ‘Mais Médicos’ completa três meses neste domingo (24). Junto a outros profissionais formados no exterior, o grupo veio ajudar a sanar o problema da falta desses profissionais em unidades de atenção básica. No entanto, ao passo que a falta de atendimento nos Postos de Saúde da Família vem sendo sanada aos poucos, os desafios em solucionar os entraves na infraestrutura ainda permanecem.
 Atualmente, Pernambuco conta com 196 profissionais formados no exterior participando do programa em 71 municípios, além de outros 184 que devem começar a trabalhar a partir de dezembro. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que o estado conta com menos de dois médicos para cada mil habitantes, enquanto o ideal seria 2,7.
 A unidade do Gambá, na estrada que da acesso à Praia de Ponta de Pedras, é uma das que passa por ampliação e vai abrigar duas equipes de Saúde da Família. Atualmente, o posto atende também a comunidade do Carrapicho, que teve a equipe desativada há alguns anos, mas vai ganhar uma nova unidade até dezembro, já adequada aos padrões de acessibilidade, com sala para curativos, vacina, nebulização, entre outros itens. 
 A verba para as reformas faz parte do ‘Requalifica’, projeto do Ministério da Saúde atrelado ao programa Mais Médicos, que obriga as prefeituras a investirem também na infraestrutura.O município de Goiana recebeu cinco médicos através do programa federal e elabora projetos para reformar e adequar os postos de saúde. A previsão é de que, nos próximos anos, sejam reformadas 16 unidades, outras sete devem ser ampliadas e três novas construídas. “Temos alguns postos tradicionais que estamos adequando ao projeto de saúde da família e outros que tinham apenas uma equipe, aumentando”, explica o secretário de Saúde da cidade, Manassés de Lima.
Professora Lidiane de Souza espera que situação se regulariza no Carrapicho. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Professora Lidiane de Souza espera que situação se
regularize no Carrapicho (Foto: Katherine Coutinho / G1)
 Moradora da comunidade do Carrapicho, a professora Lidiane de Souza espera que o novo posto, que vai contar com o médico colombiano Ricardo Di Zappoli, seja inaugurado logo. Enquanto a unidade não fica pronta, o médico está auxiliando a equipe do Gambá. “A situação aqui é bem precária e a população muito humilde. Nem todo mundo tem dinheiro para pegar o ônibus e ir até o Gambá para ser atendido. Mesmo lá, não tinha médico sempre. A população começa a não procurar médico, vai acumulando problemas de saúde porque cansa de ir até o posto e não encontrar atendimento”, conta a professora.
Desafios
   Em Cuba, os médicos costumam ter sempre o paciente à direita da mesa, diferente do Brasil, onde o atendimento é feito, normalmente, de frente. A "tradição" visa facilitar o aferimento da pressão e também cria uma proximidade maior entre paciente e médico. O cubano Melquíades Solis Hernandez é um dos quatro estrangeiros que atuam em Igarassu. O posto em que trabalha, na Vila Saramandaia, funciona em uma casa alugada e a pequena sala que tem para atender os pacientes não permite o costume adquirido no país natal. “É incômodo falar com um paciente com uma mesa no meio, cria uma barreira”, diz Melquíades.

Médico cubano está tendo de se adaptar ao atendimento. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Médico cubano está tendo de se adaptar ao atendimento
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
 Assim como Goiana, Igarassu está em processo de reforma e adequação de unidades, como a Agamenon II, onde a médica cubana Marlen De La Rosa Piloto está trabalhando. Enquanto o prédio oficial passa por obras, uma casa alugada em uma rua próxima serve de posto improvisado. A recepção fica na sala do imóvel.
 Igarassu conta atualmente com 25 postos de saúde da família, sendo que um já foi reformado, três passam por ampliação e seis devem ser reformados no próximo ano. Além disso, a expectativa é de construir, em 2014, mais dois postos.
 O Recife também pretende construir novas unidades e reformar aquelas que precisam ser adaptadas nos próximos anos. Porém, a capital ainda enfrenta mais um desafio - encontrar casas ou terrenos para que possam ser construídos os postos que se adequem às exigências de uma Unidade de Saúde da Família em um lugar próximo a unidade já existente, para que a população também não perca a referência.
 Na USF da Mustardinha, por exemplo, o posto funciona em uma casa alugada, com a placa de sede provisória, há oito anos. A unidade tem todas as alas necessárias, mas enfrenta algumas restrições. O corredor do andar térreo é estreito, contando com portas sanfonadas, enquanto os consultórios ficam localizados no segundo andar – para atender cadeirantes, os médicos precisam descer.
USF da Mustardinha, no Recife, funciona em uma sede provisória há aproximadamente oito anos. (Foto: Katherine Coutinho / G1)USF da Mustardinha, no Recife, funciona em uma sede provisória há aproximadamente oito anos (Foto: Katherine Coutinho / G1) Do: G1/PE.

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