sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Uma ilha de desencanto e falta de Planejamento.

Infraestrutura


De 0 a 1 (15 metrópoles avaliadas)
Avaliação RMR: 0,274
Média nacional: 0,618
Ranking (15 avaliadas): 14° lugar
Classificação: De ruim a péssimo

    Itamaracá, no Litoral Norte, já foi chamada de "Ilha encantada" por conta da beleza de suas praias de veraneio, mas o cenário passa longe de ser belo para quem vive no município, que integra a Região Metropolitana do Recife há 55 anos.
  Apesar de ser dona de um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) comparável ao do paraíso tropical das Filipinas, a Ilha de Itamaracá ostenta o pior índice em infraestrutura urbana da região, segundo estudo do Índice de Bem-Estar Urbano do Observatório das Metrópoles. 

 E não é difícil entender o que precisa melhorar no município. Um exemplo prático é a questão da acessibilidade, requisito essencial para a percepção do conforto e segurança. Na Praça do Pilar, uma das áreas mais movimentadas da cidade, a rampa "acessível" é construída em cima de um paralelepípedo, um verdadeiro "paredão" para quem depende de uma cadeira de rodas.

  "Muitas vezes não temos como entrar no comércio, pagar uma conta ou fazer nada sozinho porque a estrutura não permite. As poucas rampas que existem são mal construídas", afirma Anderson Magno de Mendonça Cunha, 26. 
  "Muitas têm ângulo de declive acima de 30 graus. As que têm os 10 graus, recomendado por lei normalmente têm carros estacionados na frente", complementa o colega, o vendedor de joias Josenilson Melo, 35, em frente a um veículo que obstruía o acesso à principal igreja do centro do município, a apenas 20 metros de um agente de trânsito, que nada fez. 
  A prefeitura reconheceu as falhas e garantiu que realizará ajustes emergenciais nas rampas da praça e outras áreas de grande circulação do município até o fim do mês de outubro de 2013.

Índice passa longe da realidade nas ruas

   Na capital pernambucana, apontada como a detentora do melhor índice de infraestrutura no estado, o cenário passa longe do ideal. Entre as cerca de 13 mil ruas recifenses, a Secretaria de Serviços Públicos nem sequer sabe informar quantas estão pavimentadas. 
    A Rua Vicente Pinzón, no bairro do Hipódromo, é uma das que figuram no meio desse "limbo": uma das mais antigas vias da região, transversal do corredor de tráfego da Estrada de Belém, continua na terra batida, sem meio-fio nem calçada. 
   "É uma rua muito movimentada e só ela não é pavimentada. Já 'comeram' a verba de calçamento dessa rua e ficou por isso mesmo", critica a comerciante Nadja Cristina França, 49 anos, nascida e criada na rua de terra.
    Mais do que uma questão orçamentária, os problemas de urbanização dos espaços públicos passam por deficiências de gestão e de planejamento. Para a presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-PE), Vitória Andrade, muito disso se deve a um processo de desvirtuamento da noção que rege as estratégias de desenvolvimento urbano no Recife.     
    "Assistimos a empreendimentos de grande porte sendo instalados em uma cidade que não os comporta mais. O que é ruim hoje vai ficar pior se essa lógica não for invertida", alerta.
      O resultado dessa falta de planejamento culmina não somente na falta de ordenamento no traçado urbano, mas na ausência de estruturas básicas de uma cidade, como calçadas ou vias pavimentadas, como ocorre em pleno Centro do Recife. 
    "O shopping de hoje era o centro da cidade. Foi assim até a década de 1980. Agora, parece que estamos em Bangladesh [que registra um dos piores índices de desenvolvimento do planeta]. O sentimento é de empobrecimento e degradação generalizados", avalia Jorge Tinoco, representante, da ONG Centro de Estudos e Conservação Integrada.

 


Do: Pernambuco.com.

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