Os moradores do Conjunto Beira Mar, no bairro do Janga, em Paulista, Grande Recife, foram informados nesta sexta (11) sobre como será feita a demolição do bloco B, interditado com risco de desabamento desde 2004. A partir da próxima segunda-feira (14), a prefeitura do município irá iniciar um cadastramento dos moradores que moram num raio de 15 metros do edifício, para que sejam relocados quando o processo de demolição começar. Ainda não há data definida para o início da derrubada da estrutura.
De acordo com engenheiro civil Wellington Martins, que fez a perícia a pedido da Justiça no bloco B, não há a possibilidade de o edifício, de 14 andares, ser recuperado, devido ao avançado estágio de desgaste da estrutura. "Ele possui muitos vícios de construção, com pilares e vigas desalinhados, desaprumados, fazendo com que a estrutura esteja trabalhando forçadamente. Somado a isso, temos um solo muito frágil na região", comentou.
O processo de demolição será feito andar por andar. Inicialmente, será preciso realizar um escoramento com uma estrutura metálica, para excluir os riscos de o edifício desmoronar. Em seguida, as paredes externas serão removidas, até sobrar apenas o esqueleto da estrutura — a demolição ocorrerá de cima para baixo. Ao final do processo, serão retiradas as estruturas da fundação do edifício.
Atualmente, dez blocos estão interditados no Conjunto Beira Mar. Nos três considerados mais críticos, analisados pelo perito Wellington Martins, apenas o B1 possui uma situação crítica de risco de desabar. "O mais importante é que essa situação do Beira Mar comece a ser resolvida judicialmente. E o B1 seria o exemplo para os outros. Só em prejuízo aos cofres da seguradoras, incluindo a Caixa Econômica, já se vão R$ 5,721 milhões", comentou o secretário de defesa civil de Paulista, Manoel Alencar. As duas seguradoras são a Caixa Econômica e a Sul América.
A decisão judicial de demolir o edifício foi do juiz Otoniel Ferreira, da 1ª Vara Cível de Paulista, e saiu em 27 de setembro. Ele deu um prazo de 24 horas para início do processo de preparação para a demolição do prédio. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), não houve movimentação judicial desde a decisão do magistrado. Nesta sexta, já podiam ser vistos no local tapumes isolando o prédio que será demolido. Presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Beira Mar, Janete Ferreira, foi a voz dos moradores durante a reunião desta sexta, quanto à preocupação sobre a demolição do Bloco B1. "A gente não aguenta mais viver nesse clima de apreensão, porque dá para ver claramente o risco que ele tem de cair", disse. De acordo com a perícia, o escoramento que será feito diminuirá os riscos de o prédio desabar. Após o início da derrubada, a previsão é de que o serviço seja concluído em um prazo de seis meses.
O Bloco B1 foi interditado em 2004 pela Defesa Civil de Paulista após serem constatadas rachaduras na parede. Na ocasião, 309 famílias tiveram que sair correndo do edifício, que foi construído há 29 anos. Um delas era a de Ester Almeida, que até hoje recebe auxílio-moradia de R$ 438. "Desde quando a gente começou a morar no prédio que ele apresenta problemas. Antes de ser interditado, sentíamos ele tremer, sofríamos com inundações", comentou.
Do: G1/PE.
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