A já polêmica Lei Rouanet, que procura fomentar a cultura por meio de isenção tributária, traz mais um capítulo de discussão envolvendo, agora, o estilista Pedro Lourenço e a ministra da cultura Marta Suplicy.
O estilista conseguiu aprovação de captação de recursos no total de R$ 2,8 milhões para mostrar suas criações na semana de moda de Paris em outubro de 2013 e março de 2014 por intervenção direta de Suplicy.
A aprovação causou mal estar dentro do Ministério porque o projeto havia sido retirado da pauta de votação em junho, quando entrou pela primeira vez, mas voltou ao plenário no último dia 7 e foi recusado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic), que avalia como e a quem a Lei vai beneficiar. Há pouco mais de uma semana a representante dos desfiles entrou com recurso e logo depois Marta aprovou o projeto.
O maior ponto de debate é acesso limitado do público geral ao desfile, limitado a 300 pessoas. Membros da comissão também questionam o financiamento de produtos de uma iniciativa privada que está promovendo um evento exclusivo fora do país. Outros tópicos levantados são de que o único beneficiado é a empresa e não o público como um todo e que outros projetos com custo benefício maior não passaram pela análise.
Empresários do setor e estilistas se dividem a respeito do incentivo. Raquell Guimarães, dona da marca mineira de tricô Doisélles, critica o texto apresentado por Lourenço, onde classifica seu desfile como uma “mostra de artefatos artísticos”. Segundo ela, a proposta do desfile não justifica o incentivo e afirma que “estilista que se intitula artista tem colocar sua roupa no museu”.
A alegação da estilista diz respeito ao tópico de separação entre marcas autorais e comerciais, na qual, de acordo com ela, o desfile de Pedro se encaixa na segunda categoria.
Suplicy justificou sua intervenção por meio de nota à imprensa afirmando que a medida “é a construção da nova imagem brasileira, onde valores da nossa cultura têm o poder de influenciar e agregar valor ao nosso país”. A ministra ainda afirma que muitos outros estilistas poderão se beneficiar do incentivo a partir dessa aprovação.
Outros nomes de peso como Ronaldo Fraga e Alexandre Herchcovitch foram aprovados pela Lei e receberão respectivamente R$ 2,1 e R$ 2,6 milhões para seus projetos.
Herchcovitch procurou financiamento para desfiles na SPFW e semana de moda de Nova York. Já Ronaldo, que passou sem problemas por focar apenas no Brasil, conseguiu recursos para dois desfiles na semana de moda de São Paulo.
Do: Site Finissimo.
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