Com 300 hectares, área é de proteção ambiental desde 1987.
Uso de árvores protegidas para fazer estacas é crime, afirma Cipoma.
Uma reserva florestal, protegida por lei, está se transformando em um loteamento irregular, no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife.
Famílias estão ocupando a área e construindo casas próximo às ruínas da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, no bairro de Maranguape.
Assim como a igreja de mesmo nome em Jaboatão dos Guararapes, a de Paulista foi construída no século 17 pelos portugueses, para comemorar a expulsão dos holandeses de Pernambuco, e é um espaço protegido por uma lei estadual desde 1983.
Quatro anos depois, foi criado, também por uma lei estadual, o Parque Ecológico do Janga, que tem 300 hectares e inclui a área da igreja. Porém, a mata que deveria estar protegida está sendo destruída e dando origem a um loteamento irregular, onde galhos de árvores centenárias funcionam como estacas para demarcar os lotes.
O eletricista Elias Ramos conta que ouviu falar que havia um terreno sem dono no meio da mata e foi escolher a sua parte. “Eu estava passando por aqui, algumas pessoas comentaram, disseram que tinha terreno. Eu peguei as madeiras e cerquei, pretendo construir minha casa aqui”, conta.
Outras famílias já ocuparam o local e construíram suas casas na área da reserva. Policiais da Companhia de Meio Ambiente da Polícia Militar (Cipoma) já fizeram uma fiscalização na área e constataramo o crime ambiental. “O pessoal está retirando mata nativa para fazer as estacas. Não houve flagrante, mas constatamos o crime”, afirma o tenente Erandir Rodrigues, oficial de operações da Cipoma.
Representantes da Igreja Católica, do Rotary, do comércio e do setor cultural de Paulista formaram uma comissão depois que perceberam a invasão. “A partir do mês de agosto, se aproximando do mês das eleições, teve um aumento assustador. Alguns candidatos se elegeram doando e prometendo terrenos”, afirma o padre Valdemir José da Silva, sem citar nomes.
A comissão mandou documentos a diversos órgãos cobrando ações para coibir as irregularidades. “Não podemos apagar essa memória do povo de Pernambuco. O patrimônio está sendo delapidado, não apenas o de Paulista, mas a memória do estado”, reclama Marcondes Andrade, integrante do Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Paulista
O secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Paulista, Alcides Leitão, explicou que a prefeitura soube das invasões em 2011 e tentou negociar a retirada dos moradores da área.
Ele disse ainda que as terras, que pertenciam à família Lundgren, foram leiloadas e que é preciso encontrar o novo dono para conseguir retirar as famílias da área, que é de proteção ambiental. “Já encaminhamos a notificação interna para que identifique os proprietários da área e possamos ter essa conversa para fazer o papel que cabe ao município”, afirma Leitão.
A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) informou que retirou as estacas que separavam os lotes e que vai ficar atenta para que novas ações desse tipo não ocorram.
Do: G1/PE.
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