segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Liberdade para mais um peixe-boi.

 Filhote órfão se juntará, dia 14 de novembro, a outros 12 animais soltos em Porto de Pedras. 

 

Verônica Falcão.

 / Foto: Rodrigo Lôbo/JC imagem

Foto: Rodrigo Lôbo/JC imagem

Dia 14 de novembro, mais um peixe-boi marinho mantido em semi-cativeiro no Rio Tatuamunha, em Alagoas, será libertado. Fontinho, filhote órfão da espécie, se juntará a outros 12 animais soltos no local, em Porto de Pedras, que até 1998 não contava com exemplares da espécie, ameaçada de extinção.

O biólogo Iran Normande explica que no local havia um hiato da distribuição dos peixes-bois. “Com a ação, estamos integrando populações existentes ao Sul de Pernambuco com as do Sul do Alagoas. Assim garantimos maior variabilidade genética, aumentando as chances de sobrevivência”, diz o coordenador da base de Alagoas do Centro Mamíferos Aquáticos, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Um curral construído numa camboa – braço de rio cercado de mangue – no estuário do Tatuamunha serve de abrigo para os recém-chegados dos oceanários do CMA-ICMBio da Ilha de Itamaracá, no Grande Recife. Até por volta dos três anos, quando ocorre o desmame e estão aptos a voltar para a natureza, os órfãos vítimas de encalhe nas praias do Nordeste são mantidos nos tanques abastecidos com água do mar.

No curral, com Fontinho, estão há cerca de seis meses Sereno, Açu e Pintado. “Em 14 de novembro, além da soltura de Fontinho, vamos lançar a pedra fundamental do centro de visitantes do CMA em Alagoas”, anuncia Iran.

Do lado de fora do cercado, outros 12 peixes-bois – três fêmeas e nove machos – se alimentam de folhas e algas e se deslocam tranquilamente nas águas límpidas do estuário do Rio Tatuamunha, que integra a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, unidade de conservação federal.


Os bichos são a principal atração turística da região. A atividade, disciplinada com base num Termo de Ajustamento de Conduta celebrado entre os Ministério Público Federal e o ICMBio, conta com 45 condutores cadastrados para guiar os visitantes.

“Para não perturbá-los, o barco não tem motor e as pessoas não podem nadar”, avisa a presidente da Associação Peixe-boi, Tertuliana Flávia Rego. As atividades de ecoturismo receberão o apoio das Fundações Toyota do Brasil e SOS Mata Atlântica, por meio de convênio assinado com o ICMBio.

Uma das ações favorecidas será o programa de educação ambiental desenvolvimento na localidade pelo Instituto BiomaBrasil. “Já capacitamos 45 professores da rede pública. Eles recebem informações sobre o mangue e os animais”, informa o coordenador da entidade, Clemente Coelho Júnior.

Ao todo, o rio recebeu 24 peixes-bois, alguns morreram e outros migraram e acabaram se juntando a grupos nativos da costa nordestina. O primeiro deles, Aldo, foi reintroduzido em 1998. Inicialmente sozinho, desenvolveu o que os pesquisadores chamam de comportamento reprodutivo estereotipado. É que Aldo, na ausência de fêmeas para copular, acabava se masturbando atracado a barcos que trafegam pelo Tatuamunha. “Como peixes-bois aprendem observando os adultos, outros machos adotam o mesmo comportamento, que não é registrado nos animais nativos”, diz Iran.



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Mais um peixe-boi será devolvido ao seu habitat em novembro
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