quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"Foi um mal entendido", diz coordenador de campanha que repudia homossexualidade de turistas em PE.



Cartaz considerado homofóbico causou reação em redes sociais de Pernambuco
Aliny Gama 

 Dois dias após o lançamento da campanha “Pernambuco não te quer”, que causou polêmica ao citar homossexualidade como uma prática a ser combatida, o coordenador do movimento Pró-Vida PE --grupo responsável pelo anúncio--, Marcio Borba, afirmou, nesta terça-feira (4), que a propaganda foi mal entendida, e que o objetivo é combater o turismo sexual no Estado. E ainda disse que por conta da repercussão, integrantes estariam sofrendo ameaças.
 Na publicidade, lançada neste domingo (2), o movimento compara a homossexualidade com práticas como pedofilia, exploração sexual de menores e prostituição. A polêmica tornou-se pública após a divulgação de um anúncio com o cartaz da campanha na edição desta segunda-feira (3) do jornal "Folha de Pernambuco".
 Na explicação da campanha, o movimento diz que “se manifesta abertamente contra comportamentos e atitudes anticristãs como a pedofilia, a prostituição, a exploração sexual de menores e a proliferação do homossexualidade”.
 Apesar da explicação oficial, Borba disse que a campanha não é homofóbica e garantiu que o mote principal é “diga não ao turismo sexual”. Ele acusa a Empetur (Empresa de Turismo de Pernambuco) de estimular o turismo sexista homossexual, o que seria o alvo a ser combatido com a campanha, lançada na internet.
 “ Não somos contra o homossexualidade, mas sim, contra a exploração sexual. Não queremos que o Estado seja vinculado ao turismo do sexo, seja ele homo, hetero ou bissexual. Queremos que Pernambuco seja vendido pelas belezas naturais, e não como destino sexualista”, disse Borba, destacando que, na década de 80, a capital pernambucana ganhou fama com a divulgação de prostituição de mulheres “principalmente pobres e negras”, que faziam programas com estrangeiros.
 “Foram inúmeros voos vindos do exterior trazendo homens que vinham a Pernambuco, ao Recife, à praia de Boa Viagem em busca de mulheres, adolescentes e até crianças negras para prostituição. Foi difícil o Estado desvincular esta imagem e por isso que lançamos a campanha contra o turismo sexual, não contra o homossexualidade. Que venham homossexuais, bisexuais, trisexuais [sic] e heterossexuais para cá em busca das belezas naturais”, explicou.
 O coordenador do Pró-Vida PE afirmou ser uma pessoa livre de preconceitos e que o movimento trabalha em prol da família cristã. Borba relatou que a repercussão negativa do anúncio levou o grupo a sofrer ameaças de morte, agressões e ofensas nesta terça. “Somos do diálogo, mas vamos estudar com o setor jurídico as medidas legais que devemos tomar. Explicar um mal entendido é tarde porque foi grande a velocidade com que as notícias tomaram todo o planeta. Mas temos o dever de esclarecer que somos livres de opinião, não somos contra a opção sexual de ninguém e não queremos Pernambuco na rota do turismo sexual.”
Apesar de se dizer livre de preconceitos, no site do movimento, Borba assinou um artigo em que trata a homossexualidade como uma doença. “Tal qual a serpente que, traiçoeiramente, vitimou Adão e Eva, o movimento homossexual quer induzir ao erro todas as pessoas. Assim sendo, podemos deduzir claramente que o homossexualidade não passa de doença, pecado e mau gosto. Deus criou o homem para a mulher e a mulher para o homem, qualquer coisa fora disso vem do maligno”, disse, em texto publicado em novembro de 2011.

Repúdio

 Em nota, a Prefeitura do Recife lamentou, na tarde de hoje (4), o anúncio do Pró-Vida PE e afirmou que ele “desrespeita frontalmente o público LGBT, apropriando-se indevidamente do conceito de uma marca construída pela gestão municipal ao longo dos últimos anos, o “Recife Te Quer”.”
A prefeitura reforçou que “o posicionamento homofóbico da instituição responsável pelo anúncio não reflete a realidade vivenciada pelos turistas que nos visitam.” “O Recife é reconhecidamente um destino friendly e não compartilha com qualquer ato de homofobia”, destacou a nota, que informou ainda que no próximo dia 16 haverá mais uma edição da Parada da Diversidade e que o evento receberá, mais uma vez, o apoio de secretarias municipais como Turismo e Direitos Humanos e Segurança Cidadã. “Deixamos um recado para todas as cores, religiões, opções e diversidades: o Recife te quer sempre.”
Do: Bol.com.br

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