Seminário discute ressocialização de infrator com doença mental no Recife.

"Atenção Integral ao Louco Infrator" acontece no Banco Central.
Novas alternativas para o tratamento serão discutidas.

No Brasil, pessoas que têm alguma doença mental e cometem crimes não são encaminhadas para as penitenciárias comuns. Por precisarem de cuidados especiais, elas são levadas para um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, que, em Pernambuco, fica localizado na Ilha de Itamaracá, no Grande Recife. Em muitos casos, esses detentos ficam presos até o fim da vida e não têm o acompanhamento necessário. Nesta segunda-feira (28), haverá o Seminário Estadual para Atenção Integral ao Louco Infrator, no Recife, para apontar saídas à situação.

O evento acontece até a terça-feira (29), das 8h30 às 17h, no auditório do Banco Central, localizado na Rua da Aurora, centro da capital pernambucana, com a presença de especialistas no assunto. “Na realidade, o grande problema é o abandono familiar e estatal. Isso faz com que a medida de segurança seja perpétua, o que não poder existir, porque, se não temos medida de prisão perpétua para sãos que cometem crime, não podemos eternizar essa medida de segurança. Vamos discutir uma implementação de uma atenção integral diferenciada e prevista na lei 10.216, de 2001, que prevê a reforma psquiátrica ”, contou o promotor de Justiça Marcellus Ugiette.

O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) de Pernambuco possui atualmente cerca de 440 pacientes detentos. Desses, aproximadamente 400 são homens e 40, mulheres. O promotor defende que esses presos não tenham internamento integral. A ideia é de que recebam tratamento na forma de redes terapêuticas, com acompanhamento da família. “Mais da metade não tem referência familiar, não tem visita, não foram eficazmente decidida sua situação jurídica. Temos exemplos de um novo tratamento, nova perspectiva para esse louco infrator, como em Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, onde as residências terapêuticas e os centros de apoio psicossocial, os Caps, são o grande destino, o novo viés, reincluindo ele socialmente”, disse Ugiette.

Nessa nova perspectiva, a intenção é continuar com as internações no HCTO, mas somente naqueles casos extremamente irreversíveis. O seminário desta segunda discute também resultados de uma pesquisa realizada pela Universidade de Pernambuco (UPE), que aponta estratégias a serem implementadas para dar um novo tratamento ao louco infrator.  Os interessados podem se inscrever no local.
Do: G1/PE.